Olá, pessoal! Como vocês estão? Eu ando um
pouco sumida, mas é que os últimos dias foram muito corridos e, no pouco tempo
que tive, me dediquei a uma leitura maravilhosa. Estou falando de Reino de
Cinzas, o livro que encerra a série Trono de Vidro, da Sarah J. Maas. E como
está sendo difícil me despedir de livros tão amados.
Essa na verdade, foi uma releitura para
mim, pois eu li o livro quando foi lançado nos Estados Unidos. Mas não pensem
que eu passei imune às emoções desse livro só por já ter lido. Reino de Cinzas
é um final simplesmente épico, com ação, tensão e emoção do começo ao fim. Não
dá para passar por essa leitura sem ser impactado por ela, não importa quantas
vezes eu leia.
Sarah J. Maas construiu ao longo dos seis
livros anteriores uma trama complexa, com personagens bem construídos e
reviravoltas que deixam qualquer leitor enlouquecido para saber o que
aconteceria no último volume. E digo seis livros anteriores, porque Torre do
Alvorecer é fundamental para entender os acontecimentos de Reino de Cinzas (então,
quem não leu, leia!) Porém, nada do que aconteceu antes poderia ter me
preparado para as emoções que viriam.
Atenção!
Essa resenha contém spoiler dos livros anteriores, incluindo Torre do
Alvorecer. Então, não é recomendada para quem não leu todos os livros
anteriores.
Autora: Sarah J. Maas
Tradução: Mariana Kohnert
Editora: Galera Record
Páginas: 938
Onde comprar: Amazon
Exemplar recebido de parceria com a editora
Sinopse: “A conclusão épica e inesquecível da série Trono de vidro. Trancada em um caixão de ferro, Aelin luta para permanecer forte e resistir às torturas de Maeve, pois sabe que a sobrevivência de seu povo depende disso. Mas a cada dia que passa, parece mais difícil manter a determinação. Em Terrasen, Aedion, Lysandra e seus aliados se esforçam para conter a ameaça iminente, porém a força dessa aliança pode não ser o suficiente para barrar as hordas de Erawan e proteger Terrasen da destruição total. Enquanto isso, do outro lado do oceano, Rowan não irá desistir de encontrar seu amor, sua parceira, sua rainha. À medida que os fios do destino se entrelaçam no explosivo final da série Trono de Vidro, todos devem lutar se quiserem uma chance de sobreviver.”
Em Império de Tempestades, Aelin terminou
presa por Maeve e levada para longe de seus amigos. Ela foi aprisionada em um
caixão de ferro, impossibilitada de usar seus poderes e precisando suportar as
torturas de Maeve para proteger seu povo e aqueles que ama. Porém, a cada dia
vai se tornando mais difícil resistir, especialmente por ser difícil discernir
o que é real e o que é invenção.
“Era uma vez, em uma terra há muito queimada até virar cinzas, uma jovem princesa que amava seu reino...”
Enquanto isso, os demais aliados dela se
dividiram. Rowan, Gavriel, Lorcan e Elide, sem saber para onde Aelin foi levada
e os horrores que ela estava enfrentando, tentam desesperadamente localizá-la e
descobrir uma forma de resgatá-la de Maeve. Já Dorian, Manon e as Treze
partiram em busca da última chave de Wyrd e de uma potencial aliança com as
bruxas Crochan. E Aedion e Lysandra, se passando por Aelin, marcharam para
reunir o exército que tinham em Terrasen e tentar defender o território dos
ataques de Erawan.
Porém, Chaol Westfall retorna com a ajuda
que foi buscar no sul. Mas apoio do que esperava conseguir. Ele leva consigo
sua esposa, Yrene Towers, um exército cedido pelo kaghan e as habilidosas curandeiras
da Torre Cesme. Era muito mais do que Chaol sonhava conseguir quando partiu
para o sul. Porém, ao retornar, ele percebe que poderia acontecer de nem mesmo
o exército que estava levando ser o suficiente para mudar os rumos daquela
guerra.
Eu não sei nem por onde começar a falar
sobre esse livro. Para começar, ele encerra uma série muito especial para mim e
isso sempre traz muitas emoções. Além disso, é um livro enorme, que une muitas
pontas deixadas ao longo da série e que tem muitos acontecimentos. E podem
acreditar que são muitos mesmo! Cada uma das mais de 900 páginas desse livro
foi justificada, pois havia muitas coisas a serem desenvolvidas e explicadas
nesse último volume.
Para começar, os personagens principais
estavam espalhadas. Com isso, a autora precisou ir desenvolvendo as jornadas
deles separadamente até que os caminhos deles pudessem se unir novamente em
algum momento. Esse foi um ponto que conferiu muita tensão ao livro e tornou a
leitura muito envolvente, pois sempre que parávamos em um momento muito
impactante de algum personagem, o capítulo seguinte trazia o que estava
acontecendo com outro grupo, o que me alimentava minha curiosidade e me
instigava a continuar lendo.
“Enquanto todas as outras tinham passado, o Senhor do Norte permanecia, a estrela imortal entre a galhada apontando para o caminho de casa. Para Terrassen.”
Além disso, houve espaço na trama para o
desenvolvimento de todos os personagens. Todos eles tiveram suas jornadas bem
construídas pela autora e foi possível acompanhar o quanto cada um deles
evoluiu. Aliás, Sarah J Maas foi muito habilidosa em lembrar o leitor de outros
momentos importantes ao longo dos livros anteriores, mostrando o amadurecimento
que os personagens tiveram durante a série.
Claro que isso é mais evidente na
protagonista, tanto pelo caminho que ela trilhou desde o primeiro livro quanto
por tudo que enfrenta em Reino de Cinzas. E acreditem que ela passa por muita
coisa aqui. A autora retratou todo o sofrimento de Alein nas mãos de Maeve e
como essa tortura vai quebrando a personagem física e emocionalmente. Essas são
cenas angustiantes e dolorosas, mas também aumentaram minha admiração por essa
protagonista incrível. Ela demonstra uma resiliência e uma força que me
surpreenderam muito e me fizeram desejar entrar no livro para ajudá-la.
“Dias, meses, anos – escorriam assim como seu sangue escorria sobre o piso de pedra, em direção ao rio. Uma princesa que deveria viver por mim anos. Ou mais. Aquilo fora uma dádiva. Agora era sua maldição.”
Além disso, a evolução em relação à
Celaena que conhecemos lá no primeiro livro é óbvia. Embora Aelin mantenha o
jeito cínico e arrogante, as camadas que ela tem por dentro são muito mais
evidentes do que antes. Ela amadureceu, se tornou mais consciente de suas
responsabilidades e, principalmente, muito mais capaz de se doar por aqueles
que ama.
Com relação aos demais personagens, adorei
como Sarah J Maas explorou os conflitos de todos eles. Rowan tem muitos
conflitos e traumas com que lidar ao longo de sua jornada, assim como seus
companheiros Gavriel e Lorcan. Já Aedion e Lysandra tiveram seu relacionamento
afetado pelo fato da metamorfa ter concordado em assumir o lugar de Aelin.
Confesso que tive vontade de bater no Aedion pela forma como tratou Lysandra em
alguns momentos, mas também sofri muito por ele ao ver o fardo pesado que
estava carregando.
Mas os destaques do livro foram mesmo
Dorian, Manon, Chaol e Yrene. Manon já tinha conquistado meu respeito e
admiração em Rainha das Sombras e Império de Tempestades. Porém, aqui ela
aprende a lidar com emoções que ainda não conseguia encarar e assume suas
responsabilidades de uma maneira que me deixou realmente orgulhosa. Já Chaol e
Dorian são provavelmente os dois personagens que mais amadureceram ao longo da
série. Eles tiveram as perdas mais dolorosas, mas cresceram com isso. Não tenho
palavras para descrever o que eles fizeram nesse livro, mas quando lembro do
príncipe e do chefe da guarda lá de Trono de Vidro fico impressionada e
emocionada com o quanto eles se transformaram. Já sobre Yrene, ela é uma das
personagens mais incríveis que já li e demonstrou isso em todos os momentos que
apareceu.
“Seu filho passou os últimos meses forjando alianças com o khaganato, e agora todos os exércitos do khagab velejam para este continente para salvar seu povo. Então, enquanto fica aí na sua fortaleza infeliz, atirando insultos a ele, saiba que Chaol fez o que ninguém mais conseguiu fazer, e se sua cidade sobreviver, será por causa dele, não de você.”
Com relação à trama, achei que foi muito
bem desenvolvida pela autora. Ela conseguiu encaixar todos os personagens e ir
unindo as pontas que foram deixadas nos livros anteriores de uma maneira
coerente. Além disso, temos o tempo todo o clima de urgência que a história
pedia e isso deixou a leitura ainda mais instigante. O tempo todo ficava
preocupada com o que poderia acontecer a seguir, porque a sensação de que tudo
daria errado era constante. Então, não espere um livro que você tem a certeza
de que tudo ficará bem no final. Sarah conduziu a história de uma forma capaz
de deixar o leitor angustiado e tenso a todo momento, pois os riscos são
imensos e muito reais.
Outro grande mérito do livro é que as
cenas são descritas com muita habilidade. A autora utilizou descrições que não
deixavam a leitura cansativa, mas que permitiam visualizar com clareza o que
estava acontecendo em cada momento. Mesmo nas batalhas, era possível
compreender como cada lado estava atacando, sentir a tensão da guerra e
entender onde cada personagem estava no conflito.
“Eles não tem nada. Não tem nada pelo que lutar. E, embora estejamos em menor número, nós temos algo que vale a pena defender. E, por causa disso, podemos superar o medo. Podemos lutar contra eles, até o fim. Por nossos amigos, por nossa família... Por aqueles que amamos... Por aqueles que amamos superar esse medo.”
Não posso deixar de citar também o quanto
esse livro traz de empoderamento feminino. Foi maravilhoso ver personagens
femininas ganhando tanto destaque e, principalmente, se unindo. Desde o
primeiro livro, Sarah J Maas apresentou personagens femininas fortes e
determinadas. Porém, em Reino de Cinzas se torna ainda mais evidente. Claro que
os homens também são muito importantes nessa história e têm destaque. Porém, as
mulheres ocupam uma posição central e foi incrível vê-las se unindo em torno de
um objetivo e se apoiando em todos os momentos.
Acredito que nessa altura não preciso nem
falar muito sobre a escrita da Sarah né? Esse foi um dos livros mais incríveis
que já li da autora e que demonstra toda a capacidade dela de criar uma
história maravilhosa. Aqui, percebi que tudo teve um motivo ao longo da série e
que o universo criado por ela é rico, complexo e instigante. A trama está bem
longe de ser simples e a autora soube conduzi-la bem e levar a um final coeso e
corajoso.
Aliás, fiquei muito feliz pelo fato de
que, nesse livro que encerra a série, Sarah J. Maas fugiu de um final óbvio ou
clichê. Tive medo de que ela fosse seguir por um caminho seguro ou, pelo menos,
mais fácil. Mas a autora teve muita coragem e trouxe algumas decisões corajosas
e surpreendentes. Ela soube ousar e, mesmo assim, se manteve coerente com tudo
que vinha construindo ao longo dos livros anteriores.
Não posso deixar de mencionar a edição da
Galera Record e, principalmente, a tradução. Eu simplesmente amei a escolha da
capa, que considero a mais bonita da série até aqui. Além disso, as folhas são
amareladas e a fonte tem um ótimo tamanho de leitura. Mas, o grande destaque
mesmo foi a tradução impecável da Mariana Kohnert. Esse não é um livro fácil de
ser traduzido, mas vi nada para reclamar do trabalho feito nesse livro.
Deste modo, o que posso dizer é que eu não
poderia ter ficado mais feliz com o desfecho dado para série Trono de Vidro. Reino de Cinzas foi um final épico,
tenso, instigante, emocionante e grandioso. Exatamente como essa série e sua
protagonista mereciam. Foi uma jornada e tanto acompanhar esses livros, que já
têm um lugar garantido na minha lista de favoritos. Para quem gosta de uma
fantasia envolvente, bem construída e repleta de surpresas, não pode deixar de
conferir.