[Resenha] O impulso

 


Uma das minhas metas pessoais para 2021 é ler mais livros que me tirem da minha zona de conforto, seja por ser de um gênero que não estou acostumada ou por trazer assuntos que não costumo ver sendo abordados. Por esse motivo, no final do ano passado, quando soube do lançamento de O Impulso da autora Ashley Audrain, já fiquei imediatamente curiosa.

O Impulso é o grande lançamento da Editora Paralela para 2021 e eu fiquei muito empolgada quando soube que ele aborda questões como ambivalência materna, depressão pós-parto, idealização da maternidade versus a realidade, abandono afetivo e trauma familiar. Todas essas são questões muito sérias e que nunca vi sendo discutidas em nenhum livro que li, então, fiquei muito curiosa para saber como a autora iria abordá-las.

Eu tive a oportunidade de receber uma cópia antecipada da Editora Paralela e, por isso, pude ler um pouco antes do lançamento. Então, hoje vou contar para vocês o que achei de O Impulso, que com certeza será um dos livros mais comentados desse ano.


Autora: Ashley Audrain

Editora: Paralela

Páginas: 328

Onde comprar: Amazon / Submarino

Cópia antecipada cedida pela editora

Sinopse: “O que você faria se seus filhos não fossem quem você esperava? O impulso é o romance mais viciante do ano, uma leitura que irá questionar tudo o que assumimos sobre maternidade, sobre aquilo que devemos aos nossos filhos e sobre o que acontece quando deixamos de acreditar em mulheres cujas histórias são incômodas. Blythe Connor está decidida a ser a mãe perfeita, calorosa e acolhedora que nunca teve. Porém, no começo exaustivo da maternidade, ela descobre que sua filha Violet não se comporta como a maioria das crianças. Ou ela estaria imaginando? Seu marido Fox está certo de que é tudo fruto do cansaço e que essa é apenas uma fase difícil. Conforme seus medos são ignorados, Blythe começa a duvidar da própria sanidade. Mas quando nasce Sam, o segundo filho do casal, a experiência de Blythe é completamente diferente, e até Violet parece se dar bem com o irmãozinho. Bem no momento em que a vida parecia estar finalmente se ajustando, um grave acidente faz tudo sair dos trilhos, e Blythe é obrigada a confrontar a verdade. Neste eletrizante romance de estreia, Ashley Audrain escreve com maestria sobre o que os laços de família escondem e os dilemas invisíveis da maternidade, nos convidando a refletir: até onde precisamos ir para questionar aquilo em que acreditamos?”

 

Blythe Conor tem um passado difícil no que se refere à sua família. Por isso, ela está decidida a ser a mãe carinhosa e perfeita que nunca teve e que seu marido espera que ela seja. Mas logo após Violet nascer, ela descobre que a maternidade não é tão simples como imaginava. Aquela plenitude que ela imaginava sentir, não veio.

Em meio ao cansaço dos primeiros meses como mãe, Blythe começa a perceber que sua filha não se comporta como outras crianças. Mas não seria apenas a exaustão que estava fazendo com que ela imaginasse coisas? Fox, o marido dela, acredita que sim. Ele ignora seus medos e a convence de que essa cisma em relação à Violet é fruto apenas do cansaço.

Mas com a chegada de seu segundo filho, Blythe finalmente vive a maternidade como achou que seria. É uma experiência totalmente diferente e até mesmo Violet parece se dar bem com o irmão caçula. Blythe acredita que finalmente terá a tranquilidade familiar que sempre sonhou, só que uma tragédia faz com ela precise encarar novamente suas desconfianças enquanto lida com as inseguranças deixadas pelo seu próprio passado.



Alerta: Esse livro pode conter gatilhos para abuso psicológico, depressão pós-parto e abandono parental.

 

Como eu esperava, O impulso foi uma leitura totalmente diferente do que estou acostumada. Não só pelos temas abordados, mas pela forma como a história foi construída. De um modo geral, foi uma leitura que fugiu de tudo que já li e também do que eu esperava.

Em grande parte, isso vem da escrita muito intensa da autora. Ela optou por uma narração feita quase como um monólogo, o que traz a sensação de que a protagonista está falando diretamente com o leitor, que se sente dentro da mente dela praticamente o tempo todo. Isso contribuiu para que os conflitos e as emoções de Blythe se tornem muito mais claros para quem lê e também mais reais, de uma forma quase perturbadora.

Outro ponto que me surpreendeu muito é a forma como a autora abordou os assuntos que ela se propôs. Em especial, a forma como a maternidade foi trabalhada. Ashley Audrain desconstrói aquela versão romantizada da maternidade, de que tudo vai valer a pena e que toda mulher se sentirá completa e realizada quando o filho nascer. Ela mostra que essa pode ser uma experiência exaustiva, desgastante, cheia de inseguranças e cobranças, e que nem todas as mulheres se sentem prontas ou desejam vivê-la.

E o mais interessante é que essa questão não fica restrita à perspectiva da Blythe. Ao longo do livro, vamos acompanhando as histórias de outras mães, de como elas lidaram com a maternidade e como isso influenciou seus filhos. Em especial, temos em alguns capítulos a história da mãe e da avó da Blythe e esses foram momentos muito importantes e que trouxeram reflexões muito interessantes.

Além disso, a autora traz outros assuntos igualmente importantes e de uma forma muito real. Ela fala sobre abandono parental, psicopatia e gaslighting (uma forma de abuso psicológico em que o abusador manipula a vítima para que ela sempre duvide de suas percepções), e eu gostei muito de como esses assuntos foram inseridos na trama. Foi uma abordagem real, intensa e quase brutal, mas que permite ao leitor entender a importância dessas questões e refletir sobre elas. Mas é preciso ter em mente que o livro contém cenas muito fortes e que podem ser gatilhos para algumas pessoas.



Porém, apesar de ter gostado muito dos temas trabalhados, confesso que a leitura foi um pouco lenta para mim. A narração quase como um monólogo, apesar de ter contribuído para tornar os conflitos da Blythe mais compreensíveis, deixou a trama mais arrastada e um pouco confusa, principalmente no início. Eu demorei um pouco a me apegar à protagonista e estar tão imersa na mente dela foi cansativo para mim.

No entanto, eu acredito que meu maior problema com a leitura pode ter sido a minha própria expectativa. Eu estava esperando um thriller, daqueles eletrizantes e cheios de reviravolta. Porém, O Impulso está muito mais para um drama psicológico. Isso não é ruim, de forma alguma; mas eu estava esperando um clima de suspense e reviravoltas, e demorei um pouco para perceber que essa não era a proposta do livro.

O Impulso é um drama psicológico que leva o leitor a refletir sobre a maternidade e sobre como somos influenciados pelas nossas relações com nossos pais. É uma leitura intensa, que coloca o leitor diretamente conectado com a protagonista, acompanhando todos os seus conflitos e inseguranças. Não espere um thriller daqueles de tirar o fôlego e nem mesmo grandes revelações, pois é uma trama bem linear. Porém, você vai encontrar um drama que vai falar de uma forma muito direta e com muita habilidade sobre a natureza humana, mesmo naqueles momentos mais perturbadores.

Não se trata de uma leitura fácil, mas é um livro que veio para quebrar estereótipos e falar de assuntos que ainda não considerados tabus. Para quem quer sair da zona de conforto e encarar assuntos difíceis e dolorosos, O Impulso é uma ótima escolha.

 

O Impulso está em pré-venda com lançamento previsto para o dia 22/01. Para quem quiser garantir o seu, vou deixar os links aqui: Amazon (livro físico) | Amazon(e-book) | Submarino


18 comentários:

  1. Oi Malu!!

    Eu li esse livro também e gostei dele, ele é bem "receita de bolo" pra quem curte o genero, tem vários livros super parecidos com ele e pra mim o final foi bem previsivel, mas eu gostei da forma como tudo foi desenvolvido, acho que ficou bacana.
    Triste que a leitura foi meio penosa pra você mas que mesmo assim tenha dado pra tirar boas coisas da leitura.
    Adorei a resenha e suas fotos ficaram perfeitas!!

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    1. Oi, Bianca! Tudo bem?
      Eu achei bem previsível mesmo, mas gostei dos temas que a autora abordou e também achei bem desenvolvido.
      Muito obrigada!
      Beijos!

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  2. Oie Malu!!

    Menina eu tenho visto esse livro por todo canto mas foi a primeira vez que vi uma resenha dele e olha posso dizer que fiquei interessadíssimo nele! Adorei a premissa da história, como você ainda não havia encontrado com um livro que abordasse tal temática. Livros de monólogos são realmente lentos não importa o quão bons eles sejam, tiro isso porque ler Sol da Meia Noite foi maravilhoso e ao mesmo tempo uma tortura por causa dos monólogos de Edward kkkkk Se eu tiver oportunidade lerei esse livro.

    Beijos!
    Eita Já Li

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    1. Oi, Alisson! Tudo bem?
      Concordo com você, monólogos são sofridos de ler hahaha. Mas O impulso tem temáticas interessantes e acho que vale a pena ler. Espero que você goste!
      Beijos!

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  3. Olá Malu
    Também quero ler mais obras que me tiram da minha zona de conforto, é sem duvida minha meta para esse ano. Tô bem curiosa a respeito desse livro por ter esse elemento de drama psicológico, mesmo porque é uma premissa que chama super a minha atenção. Já coloquei na lista de desejados. Fiquei intrigada por conta dos assuntos abordados.
    Parabéns por sua resenha!
    Beijos, Fê
    https://modoliterario.blogspot.com/

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    1. Oi, Fernanda! Tudo bem?
      Se você está querendo sair da sua zona de conforto e gosta de dramas psicológicos, acho que esse é uma boa opção. Espero que seja uma ótima leitura para você também.
      Beijos!

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  4. eu vi a obra no netgalley e não me interessei pela capa, mas na hora que iniciei sua resenha e vi os temas, depressão pós parto e maternidade eu já fui lá pedir pelo netgalley kkkk. eu adoro os temas e ler sua resenha só me confirmou que essa obra é muito meu estilo de leitura e fiquei bem instigada e curiosa em ler, mesmo desanimando um pouco com o formato monologo kkk.

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    1. Oi, tudo bem?
      Ah que bom que a resenha despertou seu interesse em ler. Vou torcer para você amar a leitura também. O fato de ser quase um monólogo me atrapalhou um pouco no início, mas vale a pena ler mesmo assim.
      Beijos!

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  5. Eu li e ouvi algumas pessoas dizendo que tiveram a mesma expectativa que você, que fosse um triller e aí veio uma decepção. Mas ainda que não seja, acho que vou gostar muito da leitura.
    Beijos

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    1. Oi, Ivi! Tudo bem?
      Acho que é um livro que vai muito da sua expectativa. Como você vai ler já sabendo que não é um thriller psicológico, irá aproveitar muito mais. É um livro muito bom e vou torcer para você gostar da leitura.
      Beijos!

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  6. Oi, Malu!
    Esse livro foi lido pela minha amiga e ela acabou resenhando lá pro blog. rsrs Eu peguei o e-book para ler e já estou preparada para o que tem pela frente. já sei que não será um thriller, mas espero não me decepcionar com ele também.
    bjs
    Lucy - Por essas páginas

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    1. Oi, Lucy! Tudo bem?
      O livro é muito bom, como disse na resenha. Como você vai ler já sabendo que não se trata de um thriller, acredito que não irá se decepcionar.
      Beijos!

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  7. Oi, Malu!
    Eu soube desse lançamento, mas ainda não tinha lido nada de alguém que já tivesse feito a leitura, então foi muito bom ler a sua resenha.
    Soube um pouco mais do livro e já fiquei super interessada. Me lembrou em alguns momentos o Precisamos Falar Sobre o Kevin, talvez com exceção da criança psicopata.
    Sua resenha está excelente!
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2021/01/resenha-verdade-sobre-o-caso-harry.html

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    1. Oi, Carolina! Tudo bem?
      Eu não li Precisamos falar sobre Kevin, mas vi muitas pessoas fazendo essa comparação mesmo. Que bom que gostou da resenha! Espero que leia o livro depois e goste também.
      Beijos!

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  8. Oi Malu!
    Já li uma outra resenha sobre esse livro e com certeza por ser um drama psicológico deve assustar bastante o leitor que não estiver preparado. Não seria um livro que leria por agora no momento, principalmente envolvendo criança, mas quem sabe mais a frente. Obrigado pela dica, parabéns pela resenha, bjs!

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    1. Oi, Cris! Tudo bem?
      É um livro que pode ser bem perturbador em alguns momentos mesmo, principalmente pelos temas abordados. Mas acredito que vale a pena ler. Se você decidir dar uma chance futuramente, espero que seja uma boa leitura.
      Beijos!

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  9. Oi, tudo bem? Já vi esse livro por aí e fiquei interessada. Gosto dos temas abordados, apesar de eu não ter proximidade com eles. Gosto de uma narrativa mais intimista, então acho que me daria bem, até porque gosto muito de drama psicológico. Adorei sua resenha, é a mais completa que li do livro até agora! :) Vou ver se compro, com certeza!

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  10. Já estou tirando uma vaga aqui na minha lista de leituras para poder realizar essa, pois desde que estavam sendo lançadas as resenhas dos parceiros da Paralela, eu fiquei bem curioso para saber da história, pois só li resenhas positivas. Não espero a hora de começar a ler essa trama.

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Apaixonada por literatura desde pequena, nunca consegui ficar muito tempo sem um livro na mão. Assim, o Dicas de Malu é o espaço onde compartilho um pouco desse meu amor pelo mundo literário.




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