Autora:
Cassandra Clare
Editora: Margaret
K. McElderry
Páginas:
720
Aproveitando
que essa semana fiz uma resenha falando sobre a série Os Instrumentos Mortais (leia aqui),
hoje resolvi comentar sobre o novo livro de Cassandra Clare, que foi uma das
minhas leituras do mês passado. Lady Midnight (em português: Dama da Meia-noite) é o primeiro volume da série Os Artifícios das Trevas, que também se
passa no mundo dos caçadores de sombras.
A
trama se passa cinco anos após os acontecimentos de Cidade do Fogo Celestial,
mas é centrada em personagens diferentes. Aqui acompanhamos a jovem Emma
Carstairs e a família Blakthor, em especial, Julian, melhor amigo e parabatai dela. Os pais de Emma tinham sido assassinados cinco anos antes e o objetivo
da garota, desde então, era encontrar os assassinos e conseguir vingança.
Quando
fica sabendo de uma série de assassinatos que tem vitimado tanto humanos quanto
fadas, Emma acredita que esses eventos podem ter a ver com a morte de seus
pais. No entanto, por haverem fadas entre as vítimas, Emma recebe uma ajuda
inesperada: um acordo com o Povo da Fadas. Eles prometem devolver Mark Blaktorn
(irmão mais velho de Julian) definitivamente para seu lar, desde que Emma e
Julian descubram quem está por trás daquelas mortes. Eles têm, então, duas
semanas para encontrar o assassino e garantir que Julian tenha seu irmão de
volta e Emma consiga sua vingança.
Se
ainda não ficou claro pela sinopse acima, a história desse livro é totalmente
envolvente. Para começar, tem todo o mistério em torno de quem é o responsável
pelo assassinato e a tensão da investigação. Além disso, os personagens são tão
bem construídos que é impossível não se apegar a eles e se preocupar com o destino
de cada um.
Vários
personagens desse livro já haviam aparecido em Os Instrumentos Mortais, porém,
foi no papel de coadjuvantes. Além disso, em Lady Midnight eles estão mais
velhos e mais maduros, tendo passado por muita coisa ao longo dos cinco anos
que separam as duas histórias.
Emma
rapidamente se tornou uma das minhas personagens preferidas nesse universo dos
caçadores de sombras. São impressionantes a força e a determinação da garota.
Apesar de ser bastante teimosa, os motivos dela são compreensíveis. Emma perdeu
os pais quando tinha somente 12 anos e a morte deles nunca teve a devida investigação.
Além disso, por ter encontrado na família Blackthorn seu porto seguro, é
natural sua preocupação com todos eles e sua revolta com algumas injustiças que sofreram.
Com
relação ao Julian, foi, sem dúvida o personagem que mais me sensibilizou.
Assim como Emma, ele se viu órfão aos 12 anos. No entanto, o menino ainda teve os
dois irmãos mais velhos arrancados de sua convivência e teve que assumir
praticamente sozinho a responsabilidade pelos quatro mais novos, incluindo um bebê
de dois anos. Julian era ainda uma criança quando se viu envolvido por responsabilidades de adulto que fizeram com que ele crescesse sobrecarregado e
sem poder ter uma vida normal.
Os
personagens secundários também são incrivelmente cativantes. Os irmãos mais novos
de Julian, Livvy, Ty, Dru e o pequeno Tavvy, são encantadores, cada
um a seu modo. Ty é um menino extremamente inteligente e sensível, que não
consegue se adequar completamente aos padrões dos caçadores de sombra e, por
isso, tem dificuldade de interagir com outras pessoas. Livvy é a gêmea de Ty e,
se tem algo que admirei nessa personagem, é a relação dos dois e o modo como
ela o defende contra tudo. Dru é uma menina sonhadora, mas de personalidade
forte e muito corajosa. Já o Tavvy é simplesmente encantador, com uma inocência
natural da infância, mas que surpreende em vários momentos por sua esperteza.
Destaco ainda Cristina e Mark. Cristina é uma caçadora de sombras que saiu do México
para fazer parte de seu treinamento no Instituto de Los Angeles. Ela tem um
relacionamento mal resolvido que deixou para trás, e se mudou para os EUA
tentando fugir de seus problemas. Apesar de tudo, Cristina se mostra uma pessoa
sensível, capaz de enxergar a dor das pessoas a sua volta e está sempre disposta
a ajudar da melhor maneira. Já Mark é um personagem sofrido, torturado pelos
anos que permaneceu com o Povo das Fadas e que agora não sabe mais quem é e
onde realmente é o seu lugar.
Se
não bastasse uma história totalmente envolvente e bem construída, Cassandra
Clare ainda brinda os leitores com participações de personagens de suas outras
séries. Assim, ficamos sabendo sobre alguns acontecimentos que ocorreram depois
de Cidade do Fogo Celestial e podemos matar as saudades de personagens queridos
sem que eles ofusquem os novos protagonistas.
Destaque
também para o desfecho surpreendente e impactante. Mais uma vez Cassandra Clare
usa toda sua capacidade de criar reviravoltas impressionantes na história, que
pegam o leitor totalmente desprevenido. Confesso que demorei um pouco para me
recuperar do final desse livro do tanto que fui impactada por ele.
Assim,
é uma leitura que eu recomendo totalmente. Para mim, Cassandra Clare se superou
nessa história, e isso é um grande elogio. Apesar de contar com 720 páginas (na
edição em inglês), a leitura é extremamente dinâmica e flui muito rápido. O
único problema é se tratar do primeiro volume da série, o que significa que
ainda vai demorar um pouco até que possamos ler a sua continuação. Para quem é
curioso como eu, vai ser difícil segurar a ansiedade.
Observação: Eu li a edição
americana, por querer ter a oportunidade de ler no idioma original e conhecer
melhor a escrita da autora. No entanto, o livro já está disponível no Brasil,
publicado pela editora Galera Record. Aliás, eu vi a edição brasileira e ficou
realmente linda. Parabéns para a equipe da Galera Record.