Autora: J. K. Rowling
Editora: Rocco
Páginas: 348
Finalmente, consegui retomar o Especial
Harry Potter e hoje vou falar sobre o meu livro preferido da série, Harry
Potter e o Prisioneiro de Azkaban. Acho que nesse terceiro volume J. K. Rowling
conseguiu manter o clima leve de magia e de inocência infantil dos dois
anteriores, mas com uma escrita mais madura.
A trama aqui acompanha Harry quando este
está prestes a começar o seu terceiro ano em Hogwarts. Após passar mais um
péssimo verão com os Dursley, Harry acaba tendo que fugir de casa depois de
acidentalmente fazer tia Guida, a insuportável irmã de tio Walter, inchar e
sair voando como um balão. Quando é resgatado pelo Nôitibus Andante, o ônibus
dos bruxos, Harry descobre que o famoso prisioneiro Sírius Black, um bruxo leal
a Lord Voldemort, conseguiu fugir de Azkaban, deixando a comunidade mágica em
alerta máximo. O que o menino não sabia é que ele pode ser o alvo desse procurado
assassino. Assim, Harry retorna para mais um ano de estudo e magias em
Hogwarts, mas em um clima de tensão causado tanto pelo desaparecimento de Black
quanto pela presença dos terríveis guardas de Azkaban na escola.
Um dos melhores aspectos desse livro é a
história bem escrita e envolvente, que tem um tom mais sombrio mas não perde a
inocência e a leveza de seus antecessores. Aliás, acredito que foi em o
Prisioneiro de Azkaban que J. K. Rowling conseguiu dosar melhor o clima de
mistério e tensão com os momentos engraçados da história. A autora
demonstra aqui um timing perfeito para o senso de humor, deixando que as piadas
ocorram de maneira natural e na hora certa da história.
No entanto, o que mais gosto neste livro são
os personagens, incluindo os que não estavam nos primeiros livros. Aqui, além de descobrirmos mais sobre o passado de alguns que já haviam aparecido nos
dois primeiros volumes, somos apresentados a alguns novos que estão entre os personagens mais interessantes de toda a série. Como não poderia falar aqui de todos, separei dois destaques: Remo Lupin e Severo Snape.
O
famoso professor de Poções mantém em o Prisioneiro de Azkaban o sarcasmo e a
frieza que o caracterizaram desde o primeiro livro, além de seu evidente
desprezo por Harry, claro. No entanto, descobrimos um pouco mais sobre o passado de Snape e os motivos que o levaram a detestar Tiago Potter e, por consequência
o filho deste (apesar de que toda a história só é revelada no último livro da
série). Por outro lado, Remo Lupin já conquista o leitor desde sua primeira
participação na história. Um professor atencioso, sábio e generoso, que trata
seus alunos com justiça e vê potencial mesmo naqueles que não acreditam em si
mesmos. Sou muito suspeita para falar, porque Lupin é meu personagem preferido
em toda a série, mas acho impossível não admirar sua integridade e o modo como
ele enfrenta o preconceito sem perder seu jeito gentil de tratar as pessoas. Além
disso, ele demonstra uma incrível capacidade de enxergar o próximo a fundo,
entendendo seus medos, fraquezas e tristezas, sem julgar. Tem como não amar?
Outro aspecto que gosto muito nesse livro
é que, como comentei no começo, achei a escrita de J. K. Rowling mais madura
nesse livro. Em Harry Potter e a Pedra Filosofal, especialmente, achei alguns
momentos importantes da trama foram resolvidos de maneira um pouco abrupta. No
entanto, em Prisioneiro de Azkaban a autora soube desenvolver a história
brilhantemente, construindo bem toda a trama, sem se apressar em momento
nenhum. Todos os acontecimentos do livro são bem construídos e acontecem de
maneira natural e convincente.
Não posso deixar de mencionar aqui também
a belíssima metáfora que J. K. Rowling faz ao retratar os dementadores, os
guardas de Azkaban. Os efeitos produzidos por essas criaturas fazem referência
aos sintomas de depressão, mas o tema foi abordado pela autora de uma maneira sensível e
delicada, que traz as lembranças felizes como o maior combustível para combater
a tristeza e a falta de esperança.
Outros temas importantes tratados com
extrema sensibilidade são a perda de pessoas queridas e o perdão. Na história é
falado sobre a importância de perdoar, mesmo aqueles que mais nos fizeram mal.
Além disso, aqui a ausência que os pais do Harry fazem na vida dele fica ainda
mais evidente, mas também fica a lição de que nunca perdemos aqueles que amamos.
“Você acha que os
mortos que amamos realmente nos deixam? Você acha que não nos lembramos deles
ainda mais claramente em momentos de grandes dificuldades? O seu pai vive em
você, Harry, e se revela mais claramente quando você precisa dele.”
Por todos os motivos citados acima, Harry
Potter e o Prisioneiro de Azkaban sempre foi o meu preferido da série. Essa
releitura foi maravilhosa não só por reforçar essa preferência, mas por me
despertar o mesmo encantamento e emoção que senti ao ler pela primeira vez.