Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Elizabeth
Banks, Woody Harrelson, Liam Hemsworth, Wes Bentley, Stanley Tucci, Toby Jones,
Lenny Kravitz, Amandla Stenberg, Alexander Ludwig e Donald Sutherland.
Direção:
Gary Ross
Ano: 2012 / Nacionalidade:
EUA
Tem um tempo que venho reparando que
ainda não falei aqui no blog sobre a série Jogos
Vorazes, tanto os livros quanto os filmes. Pensando nisso, resolvi escrever
a coluna Das páginas para o cinema sobre o primeiro filme da franquia, que foi
o que me apresentou ao universo distópico criado por Suzanne Collins.
Antes de tudo, preciso confessar que,
quando assisti Jogos Vorazes, ainda não
conhecia os livros. Felizmente, a adaptação foi tão boa, que me despertou o
interesse pelos livros e por conhecer mais sobre a história apresentada.
A trama é ambientada em um país chamado
Panem, que vivia há anos em um regime totalitário, onde todos os distritos são
controlados e explorados pela capital. Como forma de ameaça aos distritos (que
já haviam tentado se rebelar no passado), foram criados os Jogos Vorazes: uma
competição envolvendo um casal de cada um dos doze distritos, com idades entre 12
e 18 anos, que eram enviados como tributos a uma arena para lutarem até que
apenas um sobrevivesse.
Nesse contexto, somos apresentados a
Katniss Everdeen, uma jovem de 17 anos, que vivia no distrito mais pobre de
Panem, o 12º. Responsável pelo sustento da mãe e da irmã, Katniss acaba se
tornando um dos tributos de seu distrito, junto com o jovem Peeta Mellarck.
Assim, Katniss e Peeta são separados de suas famílias e enviados a capital,
junto com seu estranho mentor, Haymicth, um sobrevivente dos Jogos Vorazes.
Quando Katniss e Peeta chegam à Capital,
temos a real dimensão da desigualdade existente em Panem. Enquanto, no distrito 12, tudo o
que se via era pobreza e miséria, na Capital, tudo é extravagante e excessivo.
Além disso, é possível perceber a total alienação das pessoas, que viam os Jogos
Vorazes como puro entretenimento e diversão, sem se dar conta da brutalidade e
crueldade envolvidas na competição. Tudo era midiático e conduzido de acordo
com os desejos da população da capital; se tratava do famoso "pão e circo" que o
governo oferecia aos moradores da capital para aliená-los, ao mesmo tempo que
lembrava aos demais distritos o perigo de se rebelarem.
Não gosto muito de comparar livro e
filme, pois acredito que uma boa adaptação deve funcionar sem depender da obra
original; ou seja, acho que o filme deve ser bom, independente do espectador
ter lido o livro ou não. Nesse caso, acho que Jogos Vorazes se saiu muito bem.
Quem leu o livro, pode ficar feliz que a essência da história, do universo e
dos personagens de Suzanne Collins foi respeitada. Já para quem não é
familiarizado com a obra, o filme tem um roteiro inteligente, que consegue
apresentar toda a brutalidade daquele regime opressor e levar o público a se
importar com o destino daqueles personagens.
Com relação ao elenco, acredito que as
escolhas foram absolutamente perfeitas. Jennifer Lawrence interpreta a
protagonista Katniss, e não consigo pensar em nenhuma outra atriz capaz de
conferir tamanha intensidade à personagem. Ela conseguiu transmitir o
sofrimento, o medo e a coragem de Katniss, passando para o público toda a força
e determinação da personagem.
Já o Josh
Hutcherston tem uma atuação bastante cativante, transmitindo toda a complexidade
e sensibilidade de Peeta. Woody Harrelson é muito eficiente na construção do
complicado mentor de Katniss e Peeta. Haymicht é, ao meu ver, um dos
personagens mais complexos e interessantes da história, e ator foi muito
eficiente na construção do personagem, retirando aos poucos a máscara do mau
humor e excentricidade, revelando um homem inteligente e com uma grande carga
de sofrimento na vida. Por fim, Donal Sutherland está impecável como o
Presidente Snow, aparecendo como um vilão controlado e, muitas vezes carismático,
mas que transmite toda sua maldade e frieza mesmo nos momentos em que está
sorrindo.
O filme é ainda
repleto de sequências de ação e momentos de tensão. Temos a sensação de
realmente estarmos presenciando um reality show bárbaro e cruel, como se
fossemos um dos espectadores em Panem. Acompanhamos os personagens e podemos conhecê-los
melhor nos momentos de adversidade e de perigo extremos. Além disso, é
impossível não sermos cativados pela personalidade forte de Katniss e pelo
carisma de Peeta, torcendo pela sobrevivência dos dois em meio a tanta
brutalidade.
Em resumo, Jogos Vorazes
apresenta ao público um universo interessante, apesar de cruel. No
entanto, seu maior mérito é a complexidade dos personagens, cada um com sua
própria carga de sofrimentos e dúvidas. Recomendo muito este filme, que é um excelente
início da bem-sucedida franquia, que foi sucesso de bilheteria no mundo
todo.