Sabe quando você lê a sinopse de um livro
e sente que ele será diferente de tudo que já leu? Foi exatamente isso que
senti quando conheci A verdade segundo Ginny Moon, do autor Benjamin
Ludwig. Lançado esse ano no Brasil pela Verus Editora, esse livro tem uma
premissa diferente e instigante, que despertou meu interesse logo de cara.
Terminei a leitura dele hoje mesmo e precisei
vir contar o que achei. Como eu previa, foi um livro realmente diferente de
tudo que já li. Tão diferente que é até difícil conseguir explicar o que senti lendo,
mas vou tentar nessa resenha.
Então, se preparem para conhecer um pouco
sobre Ginny Moon e como me senti acompanhando sua jornada. Mas não se preocupem,
os segredos dessa história continuarão bem guardados e essa resenha é
totalmente sem spoilers ok?
Autora:
Benjamin Ludwig
Editora:
Verus
Tradução:
Débora Isidoro
Páginas:
336
Onde
comprar: Amazon
Exemplar
recebido de parceria com a editora
Sinopse: “A realidade é que todo mundo sabe o quanto Ginny Moon é espetacular ― seus amigos na escola, os colegas do time de basquete e, especialmente, seus novos pais adotivos. Eles amam a menina, portadora de autismo, mesmo sem entendê-la realmente. E querem, do fundo do coração, que ela se sinta incluída. O fato é que as coisas não são tão simples quanto parecem, e tentar fazer Ginny entender a realidade para ser incluída talvez não seja uma tarefa tão fácil. Porém o que eles não sabem é que Ginny não tem intenção nenhuma de ser incluída. Ela encontrou sua mãe biológica pela internet e está determinada a voltar para casa ― ainda que isso signifique roubar, mentir e retornar a um lugar extremamente perigoso. Porque Ginny deixou algo crucial para trás e está desesperada para recuperar aquilo que falta em sua vida. E não descansará enquanto não encontrar o que tanto procura. Brilhante e inesquecível, A verdade segundo Ginny Moon narra a jornada de uma garota para encontrar o caminho de casa. Um dos romances mais originais dos últimos anos, este livro vai arrancar lágrimas do leitor e fazê-lo torcer pela teimosa, impulsiva e heroica Ginny Moon.”
Ginny Moon é uma garota extraordinária. Há
cinco anos ela foi resgatada de um lar onde sofria maus tratos e agora ela tem
sua Família Para Sempre, pessoas que a amam e que fazem de tudo para protegê-la.
Mas ela deixou algo para traz na sua antiga casa e precisa voltar para encontrar,
mas ninguém quer levá-la. A sua nova família quer protegê-la e não entende a
necessidade que Ginny tem de voltar para um lugar onde foi tão mau tratada.
Além disso, a chegada de um novo bebê mexe
com os sentimentos de Ginny e afeta sua dinâmica com a nova família. Ela sente
uma estranha necessidade de proteger o bebê, mas seus pais adotivos ficam receosos
com a quase obsessão da menina. O relacionamento entre eles vai se tornando cada
vez mais difícil, devido a dificuldade que os pais sentem de compreender as atitudes
de Ginny e a ansiedade cada vez maior da garota em ir resgatar o que deixou
para trás quando foi resgatada da casa de sua mãe biológica.
Acredito que a melhor forma para descrever
A verdade segundo Ginny Moon é como uma leitura única. É uma história
bastante original, que aborda assuntos importantes de uma forma que não tinha
visto antes e que tem uma protagonista realmente especial.
Ginny Moon é adolescente de quatorze anos,
autista. Ela tem uma grande dificuldade para lidar com seus sentimentos e
expressá-los. Para Ginny, é muito importante ter uma rotina e estabilidade,
tudo que não teve por grande parte da sua vida. Conviveu com maus tratos por
anos e depois foi movida de lar em lar até ser adotada por seus Pais para sempre
(como ela chama seus pais adotivos). Mas com a chegada de um novo bebê na
família, Ginny sente uma necessidade cada vez mais intensa de ir em busca do
que deixou na casa da mãe biológica, sua boneca bebê.
Mas o que é o grande diferencial do livro,
na minha opinião, é o fato de que toda a história é narrada pela própria Ginny.
Então, o leitor tem acesso a tudo que passa pela cabeça dela e acompanha toda
sua angústia por não ser compreendida pelas outras pessoas e tentar lidar sozinha
com seus sentimentos. Confesso que estar tão imerso na cabeça de Ginny pode ser
angustiante e um pouco confuso muitas vezes. Como ela mesma tem dificuldade
para processar tudo que está acontecendo ao seu redor, o leitor muitas vezes se
sente tão perdido quanto ela. Isso tornou a leitura muito mais intensa e permitiu
uma conexão maior entre o leitor e a protagonista, o que é algo muito especial.
No entanto, a conexão com os demais personagens
foi bem mais difícil. Como só tinha a perspectiva da Ginny da história, muitas
vezes tive dificuldade para entender as ações dos outros personagens. O pai
adotivo foi o que me conectei com mais facilidade, porque foi quem eu senti que
mais se esforçou para cativar a Ginny e entender a menina. A mãe adotiva por
outro lado me irritou bastante e, por mais que eu buscasse compreender suas
atitudes para proteger seu novo bebê, não consegui simpatizar com ela. Há
também a psicóloga de Ginny, que me cativou por demonstrar uma real preocupação
em garantir o bem estar da garota, mas também me irritou por não ver situações
que eram muito óbvias.
Com relação à escrita do autor, eu tive
meus altos e baixos. Por um lado, gostei de como ele conseguiu me fazer sentir
realmente dentro da cabeça da Ginny. Esse estilo de narrativa não é fácil, mas
o autor conseguiu realmente construir a voz de uma garota de quatorze anos.
Além disso, ele não caiu no erro de limitar Ginny ao fato de ela ser autista.
Ao longo de todo o livro, vemos que apesar de sua mente funcionar de uma forma
mais retraída e ela ter uma grande dificuldade para lidar com sentimentos e
situações que fujam da sua rotina, ela é uma garota esperta, corajosa e muito
determinada (além de tão teimosa quanto qualquer adolescente).
Por outro lado, senti que ele deu muitas
voltas na trama e demorou a desenvolver algumas questões importantes. Com isso,
a leitura se tornou bastante cansativa e eu tive dificuldade para me envolver com
a leitura. A sensação que tive é que ele gastou um grande tempo da história
dando voltas no mesmo ponto, e no final acabou deixando algumas questões mal
resolvidas.
Porém, apesar das ressalvas, o livro tem
muitas virtudes. O Benjamin Ludwig abortou temas muito importantes como
autismo, violência contra crianças, adoção e família. Além disso, a mensagem
deixada ao final da leitura foi muito bonita e trouxe a confirmação de que
valeu a pena acompanhar a jornada de Ginny Moon. Cada momento dessa história,
mesmo com seus autos e baixos, foi importante para um desfecho que trouxe
lições sobre amadurecimento, família e amor.
De um modo geral, A verdade segundo Ginny Moon
foi uma leitura realmente única. Com uma protagonista muito especial, esse
livro leva a uma jornada intensa e muito original, que proporciona ao leitor
reflexões e ensinamentos tocantes. E, mesmo que a leitura não tenha me envolvido
como eu esperava, foi impossível não ser tocada pelo final dessa história e
pelas mensagens que o autor passou.
Agora, quero saber quem aqui já leu ou
quer ler A verdade segundo Ginny Moon. Me contem aí nos comentários o que
acharam e se ficaram curiosos por esse livro.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Poxa, uma pena a leitura não ter sido tão boa para você :/ Eu li e gostei muitos dos personagens, apesar de me fazerem passar por um montanha russa de sensações e emoções, o que me fez também devarar rapidamente o livro. Eu não esperava a cadência e as surpresas que tinha, o que me fez gostar bastante do conteúdo. É emblemática complicada essas questões dos pais, porém no final tentei entender todos os sentimentos deles e suas ações. É um livro com drama familiar, e acho que cumpre bem esse papel. Ótima e sincera resenha!
ResponderExcluirBeijos
Olá, tudo bem e você?
ExcluirPois é, eu até gostei mas esperava mais do livro. É um bom drama familiar e achei os assuntos abordados muito importantes. Mas a escrita do autor não funcionou bem para mim. Senti que ele deu muitas voltas em algumas coisas e correu com outras. Mas que bom que sua experiência foi melhor do que a minha e você gostou da leitura.
Beijos!
Olá,
ResponderExcluirNossa que diferente! Não lembro de já ter lido um com um ponto de vista assim diferente, gosto de dramas que envolvem família e fiquei bem curiosa quanto ao final dessa história.
Olá.
ResponderExcluirGosto quando os livros entram na cabeça de seus protagonistas e nos mostram suas sensações, sentimentos e pensamentos, ainda mais sendo de uma garota de 14 anos e autista, isso em si me interessou bastante. Eu ainda não havia visto nenhuma resenha do livro, eu acho, mas adorei a forma como você abordou o enredo. Uma pena que não tenha sido uma leitura 100% satisfatória, mas, ao menos, trouxe uma mensagem ao final e te deixou com um gostinho de que a leitura valeu a pena, né? Quero ler.
www.sonhandoatravesdepalavras.com.br
Oi Malu!!
ResponderExcluirMenina eu não conhecia esse livro e nem o autor até ver uma resenha em um outro blog, uma pena que a leitura não tenha sido tão boa para você e que ela tenha te deixado com a sensação de esperar por mais. Mas achei a premissa da história realmente muito interessante sabe?É um livro que eu gostaria muito de conferir para tirar minhas próprias conclusões sobre ele!!
Beijos!
Eita Já Li
Oi Malu!
ResponderExcluirAchei interessante a proposta do autor, sua resenha me cativou de certa maneira que estou pesquisando aqui onde comprar um exemplar para mim. Um drama que é bem real em nossa sociedade e que faz a gente pensar como o jeito de agir em muitas coisas pode fazer a total diferença principalmente em crianças, elas sendo autistas ou não. Adorei sua resenha, parabéns, obrigado pela dica, bjs!
Oie, tudo bem? Vi algumas indicações desse livro e achei a premissa simplesmente incrível. Geralmente acompanhamos personagens que querem pertencer a um determinado grupo, querem se encaixar, então quando vi essa personagem me chamou atenção ela ser diferente. Acredito que mesmo sendo adotada, tendo toda uma vida, a curiosidade em conhecer seus pais biológicos, voltar às origens, é algo que fala mais alto. Já quero saber o que ela deixou para trás e porque é tão importante voltar. Um abraço, Érika =^.^=
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