[Resenha] Heroínas


Vocês já pensaram para pensar nas grandes histórias que já leram e em como a maioria delas era protagonizada por homens? Desde a lenda do Rei Arthur até Harry Potter, quase sempre vemos nas histórias os heróis salvando o mundo. Até mesmo nos contos de fadas, onde as personagens femininas são as protagonistas, elas acabam muitas vezes ficando com o papel de donzela em perigo enquanto cabe aos mocinhos resgatá-las.

Mas, e se as clássicas histórias de heróis fossem recontadas com protagonistas femininas? É isso que aconteceu no livro Heroínas, publicado pela Galera Record esse ano. Ele é composto por três contos que trazem versões modernas e empoderadoras das histórias de Os três mosqueteiros, O Rei Arhur e Robin Hood, escritas respectivamente por Laura Conrado, Pam Gonçalves e Ray Tavares. 

Autoras: Laura Conrado, Pam Gonçalvez e Ray Tavares
Editora: Galera Record
Páginas:
Onde comprar: Amazon
Sinopse: “Três escritoras brasileiras — Laura Conrado, Pam Gonçalves e Ray Tavares — reinventam clássicos para inspirar cada vez mais heroínas. Não faltam heróis. Dos clássicos às histórias contemporâneas os meninos e homens estão por todo lugar. Empunhando espadas, usando varinhas mágicas, atirando flechas ou duelando com sabres de luz. Mas os tempos mudam e já está mais do que na hora de as histórias mudarem também. Com discussões feministas cada vez mais empoderadas e potentes, meninas e mulheres exigem e precisam de algo que sempre foi entregue aos meninos de bandeja: se enxergar naquilo que consomem. Este é o livro de um tempo novo, um tempo que exige que as mulheres ocupem todos os espaços, incluindo a literatura. Laura Conrado imaginou as Três mosqueteiras como veterinárias de uma ONG, que de repente contam com a ajuda de uma estudante que não hesita em levantar seu escudo para defender os animais. A Távola Redonda de Pam Gonçalves é liderada por Marina, que diante do sumiço do dinheiro que os alunos de sua escola pública arrecadaram para a formatura, desembainha a espada e reúne um grupo de meninas para garantirem a festa que planejaram. E Roberta é a Robin Hood de Ray Tavares. Indignada com a situação da comunidade em que vive, a garota usa sua habilidade como hacker para corrigir algumas injustiças. Este é um livro no qual as meninas salvam o dia. No qual elas são o que são todos os dias na vida real: heroínas. Finalmente.”

O livro começa com o conto de Laura Conrado, “Uma por todas e todas por uma”. Nessa releitura de Os três mosqueteiros, a jovem Daniela D’Artagnan está ansiosa para conseguir um estágio em veterinária na ONG Mosqueteiros, que resgata animais das ruas e oferece atendimento aos animais de pessoas carentes. Apesar de ainda estar no Ensino Médio, ela sempre ajudou sua mãe na clínica veterinária que mantém e sonhava em poder ajudar a ONG que sempre admirou.
Inicialmente, ela é recusada quando se candidata à vaga de estágio. Porém, quando defende um cachorro que estava sendo maltratado, Daniela acaba conhecendo Agnes, uma das veterinárias da ONG, e se juntando a ela e suas amigas para organizar uma feira de adoção para os animais da Mosqueteiros. No entanto, Daniela percebe que a ONG não ia tão bem quanto parecia e que ela e as amigas teriam que agir se quisessem salvar um projeto tão bonito.


A trama desse conto é bem simples, mas traz um tema importante e atual: a proteção dos animais. Nele, a autora mostra um pouco sobre o trabalho de ONGS que resgatam animais vítimas de violência, a importância da adoção responsável (aliás, fica a dica: não compre, adote) e as dificuldades que essas organizações enfrentam.
Gostei muito também da personalidade forte e cativante da protagonista e a amizade que surge entre ela e as outras veterinárias da ONG. É uma relação muito bonita de acompanhar, marcada pela lealdade e pelo apoio. Além disso, a trama ainda tem espaço para um romance muito fofo e só lamentei a história não ser maior porque queria ver mais sobre o Samuel, amigo da Daniela por quem ela sempre foi apaixonada.
De um modo geral, a leitura de Uma por todas e todas por uma foi bem fluida e envolvente. Gostei da escrita da Laura Conrado e da maneira leve como ela desenvolveu a trama. Foi meu primeiro contato com o trabalho dela, mas foi o suficiente para me deixar curiosa para ler seus livros.

O segundo conto, Formandos da Távola Redonda, foi escrito pela Pam Gonçalves e conta a história de um grupo de alunas que se reúne para salvar a formatura do Ensino Médio. Faltando dois meses para a festa, o dinheiro foi roubado e a responsabilidade de encontrar uma solução acabou recaindo sobre a protagonista, Marina. Junto com outras cinco meninas das turmas do terceiro ano, ela precisa recuperar o dinheiro e organizar a formatura.
Paralelamente, ela tem que lidar com seu namoro que anda cada vez pior. Seu namorado, Guilherme, estava insistindo para que ela transasse com ele, mas Marina não se sente pronta para isso. Quanto mais o tempo passa, menos certeza ele tem de seus sentimentos por ele. Por outro lado, enquanto o relacionamento ia mal, surgia uma inesperada amizade entre Marina e as demais meninas da comissão de formatura.
Confesso que esse conto me decepcionou bastante. A Pam escolheu temas muito interessantes para abordar no livro, incluindo relacionamentos abusivos e empoderamento feminino. No entanto, achei que faltou foco e os assuntos mais relevantes só foram abordados da metade para frente do conto. Com isso, senti falta de um maior desenvolvimento de algumas questões, e aspectos que poderiam ser realmente positivos, acabaram sendo mal trabalhados.
Além disso, comparado com os outros dois contos do livro, esse traz o enredo menos interessante. Por mais que eu consiga me relacionar com as dificuldades da organização de uma festa de formatura do Ensino Médio, não chega a ser um assunto relevante, especialmente se considerarmos os outros dois contos do livro. Com isso, a leitura só foi começar a me prender já na metade e quando estava começando a me interessar pela história e os personagens, o conto estava praticamente no final.  



Robin, a proscrita encerra o livro com chave de ouro. Nesse conto, conhecemos Roberta, uma jovem hacker que quer vingar a morte de seus pais, mas também tornar o mundo mais justo. Com isso, ela começa a desviar dinheiro da conta de políticos e religiosos corruptos e distribuir para instituições de caridade sérias, a fim de ajudar pessoas que realmente precisavam.
Com a ajuda de amigos, Roberta atua como uma verdadeira Robin Hood na internet. No entanto, seu maior alvo é o pastor Felizzi, um homem inescrupuloso que esteve ligado a morte do pai dela e ainda desviava o dinheiro do dízimo dos fiéis para sua própria conta, se aproveitando da boa-fé das pessoas. Quando surge a oportunidade de fazer justiça, Roberta não poderia desperdiça-la. Porém, ela também precisaria aprender a lidar com as consequências de suas escolhas.
Além de um tema muito atual e que foi bem explorado pela autora, o conto tem personagens bem desenvolvidos e interessantes. Não apenas a protagonista, Roberta, mas todos tiveram suas personalidades bem construídas e acabaram conquistando minha simpatia. Em especial, adorei Willa e Pequeno, duas amigas da Roberta que ajudam em seus planos e foram responsáveis pelos momentos mais divertidos conto.
Ainda não tinha lida nada da Ray Tavares, mas adorei a forma como ela desenvolveu a trama. Apesar das poucas páginas, ela conseguiu escrever uma história muito dinâmica, com personagens bem construídos e cativantes, além de abordar bem um tema muito importante. De um modo geral, esse foi o meu conto favorito da autora e me deixou realmente curiosa para ler outro trabalho dela, o livro Os doze signos de Valentina, que também foi publicado pela Galera Record.
Assim, Heroínas veio com uma proposta muito interessante e cumpriu bem seu papel. Por mais que não tenha gostado de todos os contos igualmente, os três mostraram bem personagens femininas fortes e a importância da amizade entre as mulheres. Acredito que seja uma leitura muito válida, especialmente para o público mais jovem. Afinal, é imprescindível mostrar às meninas que elas têm voz e que podem lutar pelo que acreditam, juntas, sem depender de um mocinho para salvá-las.
E vocês, já leram esse livro? Me contem nos comentários o que acharam e outros livros que vocês indicam com protagonistas femininas inspiradoras. 

19 comentários:

  1. Eu acabei não solicitando esse livro por medinho, confesso. Conto, ao menos pra mim, tem que impactar, não tive uma boa experiencia com amor nos tempos de like e acho que desde lá fiquei marcada hahaha mas que bom que o ultimo fechou com chave de ouro, pra falar a verdade foi o que mais me interessou, Malu!

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  2. Olá
    Eu não sabia que heroinas livro contava as estórias com as mocinhas como protagonista, mais estou curiosa nunca li nada de nenhuma das três autoras mais tenho curiosidade para ler dica anotada

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  3. Olá, tudo bem? Gente, como eu ainda não conhecia esse livro? Hahahaha. Achei a capa muito fofa e simplesmente amei o tema, que nos representa. É uma pena que o conto da Pam tenha te decepcionado, adoro ela. Ótima resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  4. Oiii Malu

    Confesso que não sou muito de contos e histórias curtas, demoro pra me prender à um livro e com os contos acontece que quando estou começando a pegar o ritmo, a história termina. Ainda assim, acho Heroínas tão fofinho e com uma premissa tão bacana que gostaria muito de conferir futuramente. Legal saber que cumpre seu papel, isso é fundamental.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  5. Nossa,adorei esse livro, irei comprar com certeza. Nunca imaginei que iriam reescrever essas histórias com personagens femininos, o que deve deixar a história bem diferente. Anotei o nome, salvei a foto do livro e na Black Friday irei comprá-lo. Gostei muito do post.

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  6. Olá,

    A capa do livro é uma fofura e já me conquistou bastante. Adorei suas fotos com a Merinda, porque remete ao que a obra fala.
    Gosto bastante de enredos assim e contos.

    Beijos!

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  7. Oi, tudo bem?
    Nem todos os contos me traz interesse, e trabalhar com releituras de contos tão famosos é quase sempre um desafio. Gostei muito da tua resenha, bem feita e estruturada, mas não gostei da premissa do livro e nem da forma como os contos foram reescritos pela apresentação do livro eu esperava mais e me deparei com contos não tão interessantes.

    Beijos da Lua!
    Cantinho da Lua

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  8. Oi! Amei a maneira como as autoras colocaram as mulheres em destaque, no protagonismo de cada história! Claro que temos livro com as mulheres em papéis centrais, mas dedicar assim, de maneira direta, os contos no livro, é mais diferente! Apesar de não gostar de contos, claro que esse livro tem um lugar desejado na lista de leituras, ainda mais com essa capa tão bacana e diferente! Amei a dica!

    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com

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  9. Olá!
    Sou louco pra ler esse livro, acompanho a Pam Gonçalves no YouTube e a premissa desse livro é muito interessante recontando três contos clássicos. Adorei a resenha.

    Abraços.

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  10. Olá!
    Eu fiquei muito animada por saber que os nomes dos contos são inspirados nos clássicos. Ainda não tive oportunidade de ler nada dessas autoras e estou com a impressão de ser uma leitura muito surpreendente.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  11. Oie!
    Que livro interessante! Como sempre, mostrando o quanto as mulheres podem ser fortes e decididas. Mesmo não gostando de todos os contos, deu para notar que o livro te trouxe uma nboa leitura. Gostei dessa indicação, com certeza vou ler.
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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  12. Oie!!
    Ah gente, que livro incrivel. Conheci esse livro no Mochilão da Record e me lembro que fiquei encantada, mas fiquei meio com o pé atrás porque não tenho muita afinidade de contos. Porém, amei esse conto sobre a proteção animal. Quero o ler agora pois sou totalmente envolvida com a causa.

    beijos

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  13. Ai meu Deus, quero esse livro pra ontem! Amei a sua resenha e esse livro parece ser uma obra incrível, envolvente e onde as mulheres salvam os homens, adorei isso haha. Por mais livros assim. Obrigada pela dica, bjss!

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  14. Oi, Malu!
    Finalmente li uma resenha desse livro! Queria muito ler, mas não sabia muito bem o que esperar dos contos. Bom saber de sua experiência, vou ler com um pouco menos de expectativa.
    bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  15. Olá Malu!!!
    Ainda não conhecia o livro, mas fiquei fascinada pelo mesmo quando disse que trazia releituras de alguns clássicos que conhecemos porém com mulheres e não com homens como estamos acostumadas.
    Eu admito que de todas as histórias que contém no livro fiquei curiosa em relação a releitura do Rei Arthur, pois tenho uma queda por essa história em si. Porém, pena que um dos contos do livro não lhe agradou tanto :\

    lereliterario.blogspot.com

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  16. Eu não me interessei por este livro, apesar de adorar contos e achar interessante a proposta de releitura com a mudança do protagonismo. Das autoras, só conheço a escrita da Pam e não me cativou muito, mas talvez pro futuro eu venha a ler.
    Beijos

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  17. Olá, tudo bom?

    Eu ainda não li esse livro, mas ele está na minha lista de desejados desde o seu lançamento. Achei a proposta interessante, pois foi como você falou: a maioria das histórias ou são protagonizadas por homens ou as mocinhas estão ali para serem resgatadas pelos grandes "heróis". Então, fazer uma releitura moderna dessas obras clássicas foi uma boa pedida e, pelo jeito, foi bem executada. É uma pena que o conto da Pam não tenha ficado tão bom. Ela é a única que eu acompanho - pois eu a conheço desde a época do blog - e também a que já li algum trabalho. Eu já me aventurei em Boa Noite e ele tinha a mesma problemática: ela tenta abordar várias coisas e não há um foco, apesar de ser uma história muito boa. E realmente, se formos comparar com os outros dois contos, foi o assunto menos importante. Quando ler, já saberei disso e tentarei não criar grandes expectativas.

    Enfim, adorei a resenha sincera e agradeço a indicação :)
    Abraços.

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  18. Ainda não li essa obra e não me recordo se havia lido alguma resenha a respeito. Achei muito válido o foco dos contos serem as personagens e não seus príncipes. Venho gostando muito dessa onda de reescrever os clássicos, acho uma forma de aos poucos melhorar a mentalidade das pessoas, uma bela forma de quebrar tabus.

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  19. Olá Malu, tudo bem?

    Na Bienal do Livro de SP uma amiga teceu inúmeros elogios sobre este livro, mas não me lembro de ter acompanhado muita divulgação dele aqui pela blogosfera. Estamos numa época em que tudo está sendo transformado em "como seria se as mulheres fossem as protagonistas", e não sei se isso realmente me agrada. É muito mais cômodo e sensato criar histórias em que personagens femininas possam ser protagonistas, mais voltadas para a realidade, o que pode ser feito HOJE.


    Beijos
    @blogodiariodoleitor

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Apaixonada por literatura desde pequena, nunca consegui ficar muito tempo sem um livro na mão. Assim, o Dicas de Malu é o espaço onde compartilho um pouco desse meu amor pelo mundo literário.




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