Acho que não tem sensação melhor do que
quando você não espera nada de uma leitura e ela acaba sendo uma boa surpresa.
Foi o que aconteceu comigo quando li Gild,
primeiro volume da série A prisioneira
dourada, da Kennedy Raven. Eu confesso que fui totalmente atraída pela capa
e não sabia muito sobre a história, então, não tinha nenhuma expectativa em
relação ao livro. E acredito que foi ótimo ter iniciado a leitura dessa
maneira.
Gild
é o primeiro livro de uma série de
fantasia dark e uma releitura do mito do Re Midas, aquele que transformava tudo
que tocava em ouro. Eu amo releituras, mas confesso que fantasia dark é uma
novidade para mim. Nunca tinha lido o gênero e decidi me arriscar com esse.
Então, hoje vim contar para vocês como foi
essa experiência e os motivos que fizeram Gild
ser uma boa surpresa. Mas, não se preocupem, que essa resenha é totalmente sem
spoilers. Quem quiser saber mais sobre o livro, vai ter que ler rsrs.
Atenção: Gild é uma
fantasia dark, o que significa que, além de cenas de sexo, há cenas de
assédio, violência física, psicológica e sexual, incluindo algumas muito
gráficas. Portanto, é preciso estar atento a possíveis gatilhos e é um livro recomendado
apenas para maiores de 18 anos.
Autora: Kennedy Raven
Editora: Astral Cultural
Tradução: Débora Isidoro
Páginas: 288
Onde comprar: Amazon
*Recebido de cortesia da editora.
Classificação:
+18 anos (cenas de sexo, estupro, assédio e violência psicológica. Pode conter
gatilhos)
Sinopse: “Ouro. Pisos de ouro. Paredes de ouro. Móveis de ouro. Roupas de ouro. No castelo do Rei Midas, construído no alto das montanhas geladas, tudo é feito de ouro. Até mesmo eu. O Rei Midas me salvou. Ele me tirou da miséria e me colocou em um pedestal. Sou chamada de sua preciosa. Sua favorita. Sou a mulher que ele tocou de ouro para mostrar a todos que a ele pertenço. Para mostrar quão poderoso ele é. Midas me deu segurança, e eu dei a ele meu coração. E, mesmo que eu não possa deixar os limites do castelo, sei que estou segura. Até que a guerra começa no reino e um acordo é selado... De repente, minha confiança está quebrada. Meu amor é desafiado. E eu percebo que tudo o que eu pensei que sabia sobre Midas pode não ser verdade. Porque, por trás dessas grades em que estou presa, não importa quão douradas elas sejam, não passam de uma gaiola. Porém, os monstros do lado de fora podem me fazer desejar nunca ter saído dela.”
Em Gild, somos transportados para o reino
do rei Midas, onde tudo que ele toca é transformado em outro, até mesmo a
protagonista, Auren. Ela vive presa em uma gaiola dentro do castelo dele, sendo
seu “bem” mais precioso, sua favorita; e vivendo isolada do resto do mundo. Mas
há um motivo para ela aceitar essa situação: anos antes, foi Midas quem salvou
a vida dela e agora o único lugar onde Auren se sente segura é em sua gaiola,
próxima a ele.
No entanto, sua confiança no rei começa a
ser testada quando uma situação a faz questionar o quão seguro é ficar à mercê
dos desejos dele. E, quando ela é levada a conhecer o mundo fora de sua gaiola,
Auren percebe que talvez tudo que ela soubesse sobre o rei e sobre a vida fora
das grades douradas pode estar errado.
Gild foi uma boa surpresa para mim, me envolvendo
do início ao fim e me instigando a querer saber cada vez mais sobre a história.
Porém, antes de tudo, preciso deixar claro que é um livro bastante
introdutório, focado em apresentar os conflitos da protagonista e o universo.
Portanto, não esperem uma trama complexa, cheia de revelações, surpresas e
muitos acontecimentos.
No entanto, isso não significa uma leitura
monótona. Pelo contrário, eu achei o ritmo do livro bem gostoso de acompanhar.
Apesar de boa parte do livro não ter grandes acontecimentos, a própria situação
da Audren desperta o interesse e faz com que o leitor queira conhecer mais
sobre ela e entender sua situação. Além disso, a trama conta com um ritmo de
tensão crescente e a cada página eu ficava mais ansiosa para saber o que
aconteceria, o que me deixou completamente vidrada na leitura.
Outro ponto importante é o fato de Auren
ser uma personagem muito cativante. Logo no começo, eu senti uma enorme empatia
por vê-la em uma situação tão vulnerável, onde ela era tratada como posse do
rei Midas e demonstrava uma enorme dependência emocional dele. Além disso, foi
angustiante ver como ela era tratada como desprezo pelas outras concubinas do
rei e com cobiça pelos homens que a cercavam.
E, se Auren ganhou minha simpatia no
início por sua vulnerabilidade, fiquei ainda mais apegada ao ver como ela cresce
ao longo do livro. Quando começa a se questionar sobre sua relação com Midas e
a vida presa em uma gaiola, ela também vai encontrando sua força. Não foi fácil
ver todo o sofrimento que a personagem encontra, mas ao mesmo tempo foi muito
bom ver como ela cresce ao encarar o mundo fora da “proteção” do palácio.
Destaco também o quanto o mundo que a
autora apresenta é fascinante. O reino de Midas é o quinto dentre os seis que
compõem esse universo e aos poucos a autora vai apresentando a dinâmica entre
eles, as relações de poder e as intrigas. Esse primeiro livro dá a noção de
como Midas chegou ao trono e os planos dele em relação aos reinos vizinhos, mas
também fica evidente que há muito ainda a ser explorado e eu estou ansiosa por
isso.
Já em relação ao romance e à parte fantástica,
não esperem muito. A fantasia aparece de forma superficial no livro, apenas o
suficiente para instigar o interesse do leitor. Mas acredito que nos próximos
livros o destaque para essa parte deve ser maior e confesso que estou empolgada
para isso. Já o romance é praticamente inexistente nesse primeiro livro. Apesar
de termos alguns momentos da Auren com o Midas, ficou bem nítido que a relação
entre eles não é nada saudável e que ela é dependente emocionalmente dele.
Sendo sincera, torço para que nos próximos livros o romance tenha um destaque
maior mas que o par da Auren seja outro.
Por fim, não posso deixar de reforçar que
Gild é uma fantasia dark. Portanto, estejam preparados para mais do que cenas
sensuais. O livro conta com muitas cenas de assédio, abuso psicológico e, principalmente,
ameaças e violência sexual. De um modo geral, isso faz sentido dentro da
história e é importante para enfatizar tanto a situação da protagonista como a
brutalidade daquele universo. No entanto, em um momento específico, senti que a
autora passou do ponto [pequeno spoiler:]
uma cena longa e extremamente gráfica de estupro [fim do spoiler]. Eu entendo, em parte, o objetivo da autora mas
acho que não precisava ser uma cena tão brutal para alcançar esse objetivo.
Ainda assim, posso dizer que Gild foi um
bom início para a série e me deixou animada para as continuações. Ele me tirou
da minha zona de conforto e, mesmo tendo ficado muito incomodada com a cena que
citei, foi uma leitura que me envolveu bastante. Gostei muito do universo que a
autora criou e da jornada da Auren nesse primeiro volume. E, depois do desfecho
de tirar o fôlego desse primeiro volume, já quero conferir o que está por vir. Felizmente,
a Astral já confirmou o segundo livro e em breve teremos essa continuação aqui
no Brasil.
E vocês, já conheciam Gild? Já leram algum
livro de fantasia dark? Me contem aí nos comentário.
Olá,
ResponderExcluirNão conhecia a história e achei o plot bem interessante. Gosto de mitologia grega e lembro um pouco do conto de Midas e toda a história ser do ponto de vista de Auren me deixou curiosa quanto a história. Não sou muito fã de livros introdutórios (sempre acho que tudo irá se arrastar) porém parece acontecer bastante coisa nesse.
Oiê! Eu amei demais suas fotos... E a capa do livro é muito linda.
ResponderExcluirMuito boa sua resenha. Eu adoro mitologia e tenho muito interesse por releituras.
Embora que, pode me julgar, não tenho a mínima paciência pra esse gênero literário que envolve fantasia Dark.
Beijocas e até a próxima.
Oie, tudo bem? Ah, eu estou com esse livro. Achei a edição tão linda e fiquei bem curiosa quanto a sinopse. Incrível quando a autora consegue criar um universo envolvente e que cativa o leitor. Com relação a personagens no início da leitura já percebo se vou gostar ou não, dificilmente erro. Imagina um lugar onde tudo é feito de ouro... surreal. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirGostei da sua abordagem sobre o livro. é bem interessante quando vemos o desenvolvimento de um releitura de livros tão clássicos com o Rei Midas. Estas mitologias de conhecimentos populares chamam atenção, mas dedicação da leitura traz a compressão do que fato o conto se trata. Mostrar o Gild com esta versão mais dark ficou bem chamativo. Quero ler este livro. Beijos
ResponderExcluirAdoro mitologia e conheço a do Rei Midas, amaria conhecer profundamente esse livro e que bom que foi uma grata surpresa, para mim, essas são leituras inesquecíveis
ResponderExcluir