Desde o ano passado, os romances de época
têm estado cada vez mais presentes nas minhas leituras. No entanto, eu ainda
não tinha lido nada de uma das autoras mais populares do gênero: Sarah MacLean.
Então, já estava na hora de dar um jeito nisso, né?
Resolvi começar com o livro Cilada para um
marquês, que me conquistou logo pela sinopse. Com uma premissa que prometia
diversão, romance e aventura, foi impossível não ficar curiosa para ler esse
livro. Felizmente, a promessa foi cumprida e o livro reúne alguns dos elementos
que mais gosto em romances de época.
Autora: Sarah MacLean
Editora: Gutenberg
Tradução: A. C. Reis
Páginas: 320
Classificação: +18 anos
Onde comprar: Amazon
Sinopse: “De todas as bobagens incríveis que ele já tinha visto as mulheres fazendo ao longo de sua vida, aquela era, sem dúvida, a pior.”Sophie Talbot é conhecida pela Sociedade como uma das Irmãs Perigosas – mulheres Talbot que fazem de tudo para se arranjar com algum aristocrata. O apelido chega a ser engraçado, pois se existe algo que Sophie abomina é a aristocracia. Mas parece que mesmo não sendo uma irmã tão perigosa assim, o perigo a persegue por todos os lugares.Quando a mais “desinteressante” das irmãs Talbot se torna o centro de um escândalo, ela decide que chegou a hora de partir de Londres e voltar para o interior, onde vivia antes de seu pai conquistar um título. Em Mossband, ela pretende abrir sua própria livraria e encontrar Robbie, um jovem que não vê há mais de uma década, mas que jura estar esperando por ela.No entanto, ao fugir de Londres, seu destino cruza com o de Rei, o Marquês de Eversley e futuro Duque de Lyne, um homem com a fama de dissolver noivados e arruinar as damas da Sociedade. Rei está a caminho de Cumbria para visitar o odioso pai à beira da morte e tomar posse de seu ducado. Tudo o que ele menos precisava era de uma Irmã Perigosa em seu encalço.O Marquês de Eversley está convicto de que Lady Sophie Talbot invadiu sua carruagem para forçá-lo a se casar com ela e conquistar um título de futura duquesa. Já Sophie tenta provar que não se casaria com ele nem que fosse o último homem da cristandade. Mas e quando o perigo tem olhos verdes, cabelos claros e a língua afiada? Essa viagem será mais longa do que eles imaginavam...”
Em Cilada para um marquês, primeiro volume
da série Escândalos e Canalhas, conhecemos Sophie Talbot, a mais jovem das
Irmãs Perigosas. Dez anos antes, seu pai havia recebido o título de Conde de
Wight, e suas mães e irmãs ficaram animadas com a perspectiva de frequentarem a
alta sociedade. No entanto, a empolgação delas acabou se mostrando um tanto
excessiva e gerando alguns comportamentos inapropriados na busca delas por
maridos nobres, que renderam apelidos um tanto maldosos, inclusive o de Irmãs
Perigosas.
Porém, Sophie não poderia ser mais
diferente das irmãs. Ela nunca quis frequentar a alta sociedade e, sem dúvida,
não desejava se casar com um nobre. Graças a isso, ela acabou ficando como a
sem graça dentre as Irmãs Perigosas. No entanto, isso muda quando, em um
evento, ela flagra o marido de sua irmã mais velha e acaba armando um escândalo
de grandes proporções, além de ofender grande parte dos nobres presentes.
“E foi naquele momento que Sophie não conseguiu mais suportar aquele mundo de regras, hierarquia e desdém. Aquele mundo no qual ela não tinha nascido. O mundo que ela não escolheu. O mundo que ela odiava.”
Precisando fugir do local, Sophie acaba
esbarrando com o marquês de Eversley, um dos maiores cretinos da sociedade. Ela
tenta pedir uma carona para casa, porém, ele não está disposto a ajudá-la. Assim,
Sophie precisa recorrer a outros meios: ir, clandestinamente, na carruagem do
marquês. O que ela não esperava a que a carruagem estivesse se dirigindo para
fora de Londres e, quando percebe, Sophie já está muito distante de casa.
Ao descobrir a jovem disfarçada como um
criado, ele tem certeza que ela foi parar na carruagem dele com o intuito de
obrigá-lo a se casar com ela. No entanto, isso não poderia estar mais distante
dos planos dela. Assim, Sophie faz questão de deixar claro que casar com um nobre
não é um de seus objetivos e que ele, especificamente, seria o último homem com
quem ela jamais se casaria.
Como já deve dar para imaginar por esse
resumo, Sophie e o marquês de Eversley, conhecido como Rei, vão trocar farpas
desde o começo do livro. Sei que se trata daquele velho clichê do casal que
parece se odiar, mas sente uma atração inexplicável um pelo outro. No entanto,
eu confesso que, apesar de ser um recurso comum, eu sempre amo histórias assim,
especialmente porque elas costumam envolver diálogos divertidos. Assim, acho
que a primeira coisa que posso comentar sobre Cilada para um marquês é que eu me diverti muito enquanto lia,
graças às constantes provocações entre Sophie e Rei.
Outro ponto que merece destaque é que
Sophie é o tipo de mocinha que conquista nossa admiração desde o começo. Ao
contrário das irmãs, ela nunca se deslumbrou com o mundo da nobreza e conseguia
enxergar a hipocrisia e o machismo da alta sociedade, o que já demonstra a
personalidade desta personagem. Além disso, confesso que foi impossível não
simpatizar com o sonho que ela tem de abrir sua própria livraria (afinal, que
leitor nunca quis isso, né?). Mas, acima de tudo, me solidarizei ao ver o
quanto a indiferença e os comentários maldosos das pessoas afetaram a forma
como Sophie se via.
“Para qualquer outra garotinha, as caixas que seu pai trazia poderiam ser tediosas. Mas para Sophie eram mágicas. Os livros eram aventuras encadernadas em couro, com páginas e mais páginas de mundos distantes, pessoas e ensinamentos notáveis; felicidade simples e honesta.”
Já o marquês de Eversley fez com que eu me
dividisse entre amá-lo e querer esganá-lo. Em muitos momentos, eu me diverti
com as implicâncias entre ele e Sophie e adorei o fato de que, mesmo afirmando
que ela não era problema dele, o marquês sempre acaba se sentindo culpado e
tentando protegê-la. Além disso, consegui entender os traumas que o levaram a
agir e pensar como ele fazia. Porém, ele é extremamente teimoso e, mesmo
entendo seus motivos, teve horas em que eu quis entrar no livro e dar uns tapas
na cara dele para ver se ele parava de agir feito um idiota. Mas quero deixar
claro que isso foi só em alguns momentos e, na maior parte do tempo, eu me
diverti muito com esse personagem.
Além disso, adorei a forma como se
desenvolveu o romance entre ele e Sophie. Apesar de usar o recurso comum do
casal que se odeia a princípio e vai se apaixonando aos poucos, achei que a
autora conseguiu fazer isso com muita naturalidade. Tanto os motivos que
fizeram com que eles se estranhassem no início, como os que provocaram as
mudanças nos comportamentos deles foram muito compreensíveis. Com isso, os
sentimentos que surgem entre Sophie e Rei não soam forçados ou falsos em nenhum
momento. É uma relação que se desenvolve de uma maneira muito bonita e, ao
mesmo tempo, divertida.
“Ele era tudo que diziam ser. Escandaloso. Perverso. Um canalha total. Tudo o que a sociedade rejeitava – ao mesmo tempo que louvava. Como seu próprio cunhado e muitos outros homens e mulheres da aristocracia britânica. Um belo exemplo do que que havia de pior naquele mundo em que ele tinha nascido. Para o qual ela tinha sido arrastada. Sophie o odiou no mesmo instante.”
Há outros personagens secundários que
trazem muitos momentos divertidos e tocantes. Adorei as irmãs de Sophie,
especialmente a mais velha, e gostaria que elas tivessem aparecido mais. Além
disso, há algumas personagens que vão aparecendo durante a jornada da Sophie e
do Rei que contribuíram para alguns dos momentos mais engraçados do livro, em
especial o pequeno ladrão, John. No entanto, quem roubou a cena mesmo foi o
Duque de Warnick, amigo de Rei e que será um dos protagonistas do segundo
volume da série.
Com relação à trama, adorei a forma como
ela foi desenvolvida. O livro já começa com muito humor e aventura. Aliás,
fiquei bastante surpresa com a forma como a autora conseguiu equilibrar muito
bem romance, humor e aventura, sem exagerar em nenhum desses elementos. Com
isso, a leitura foi muito envolvente e fluiu de uma maneira tão natural que eu
acabei lendo em um dia. Além disso, adorei o fato de que, em muitos momentos da
história, vemos críticas à hipocrisia da sociedade e ao machismo. Deste modo,
apesar de ser uma trama simples, ela não deixa de trazer reflexões importantes.
“Eu não ligo porque isso nos desvaloriza. Elas são minhas irmãs. Somos seres humanos. Com sentimentos. Nós existimos. E parece que o mundo não consegue enxergar isso. Não consegue enxergá-las.”
Cilada para um marquês foi meu primeiro
contato com a escrita da Sarah MacLean, mas me fez perguntar por que eu ainda
não tinha lido nada dela. Sua escrita é bem leve e ela emprega com muita
habilidade um humor bastante sarcástico nos diálogos, o que eu gosto muito.
Além disso, achei que ela soube desenvolver muito bem os personagens, fazendo
com que eles fossem complexos e muito cativantes.
Não posso deixar de mencionar também o
capricho na edição da Editora Gutenberg. Além da capa linda e condizente com a
história, a parte interna do livro está impecável. O começo de cada capítulo
tem a formatação de uma manchete de jornal, fazendo uma referência às colunas
de fofoca que eram bastante populares na época, o que eu achei que deu um toque
bem especial ao livro. Além disso, as páginas são amarelas, a fonte tem um
ótimo tamanho para leitura e eu não encontrei nenhum erro de revisão.
Só posso dizer que Cilada para um marquês
é um romance de época com um enredo simples e, até mesmo, um pouco clichê, mas
que conquista pela personalidade de seus personagens, a boa construção da trama
e o humor refinado da autora. Nesse meu primeiro contato com a escrita da Sarah
MacLean eu não poderia ter ficado mais satisfeita, o que me deixa muito
motivada a ler outros livros dela.
E vocês, já leram Cilada para um marquês?
Me contem aí nos comentários se já leram esse ou outros livros da Sarah MacLean
e quais outras autoras de romance de época vocês recomendam.