Olá, pessoal! Quem me acompanha aqui no
blog sabe que esse ano os livros da Sarah J. Maas dominaram as minhas leituras,
afinal, eu finalmente resolvi ler a trilogia Corte de Espinhos e Rosas. Então,
é claro que depois de ler os três livros da série, eu não podia deixar o ano
passar sem ler Corte de Gelo e Estrelas, novela ambientada no mesmo universo da
série e que foi publicada pela Galera Record.
Confesso que, mesmo tendo terminado a
trilogia recentemente, eu já estava com saudade dos personagens e ansiosa para
saber os desdobramentos dos acontecimentos de Corte de Asas e Ruína. A Sarah J.
Maas parece ter um dom para fazer o leitor mergulhar nos universos criados por
ela e cada oportunidade de revisitá-los é maravilhoso. Por isso, fiquei muito
feliz por ter conseguido ler Corte de Gelo e Estrelas ainda esse ano e agora
posso contar para vocês o que achei da leitura.
Autora: Sarah J. Maas
Editora: Galera Record
Tradução: Mariana Kohnert
Páginas: 238
Onde comprar: Amazon
Exemplar
recebido em parceria com a editora
Sinopse: “O aguardado spin-off da série Corte de Espinhos e Rosas. Feyre, Rhys e seu círculo íntimo de amigos ainda estão ocupados reconstruindo a Corte Noturna e tentando manter a paz, conquistada a base de muito esforço e perdas pessoais, após a queda da muralha. Mas o Solstício de Inverno finalmente está próximo e, com isso, um alívio merecido. Compras, festas, celebração e a promessa de dias tranquilos. A atmosfera festiva não consegue, entretanto, impedir que as sombras da guerra se aproximem. Em seu primeiro Solstício como Grã-Senhora, Feyre ainda lida com os horrores do passado recente e percebe que seu parceiro e sua família têm mais cicatrizes do que ela esperava – cicatrizes que podem impactar o futuro, e a paz, de sua Corte.”
Aviso:
A resenha contém spoilers dos livros anteriores da série.
Meses após a guerra contra Hybern,
Prythian precisa ser reconstruída. Rhys e Feyre estão trabalhando
incansavelmente para recuperar tudo que foi destruído na Corte Noturna e ainda
precisam lidar com os problemas internos que ameaçam a estabilidade da Corte.
Além disso, mesmo com a vitória, ambos carregam cicatrizes e ainda são
assombrados por tudo que quase perderam. Juntos, eles precisam lidar com seus
traumas e aprender a seguir em frente.
No entanto, uma grande comemoração se
aproxima e é o momento ideal para que eles deixem o sofrimento e a tensão de
lado. O Solstício de Inverno é um grande evento na Corte Noturna, com a reunião
de familiares, uma ceia farta e troca de presentes, e Feyre quer que tudo seja
perfeito. Se antes ela temia o inverno, por todas as dificuldades que ele
representava para ela e sua família, agora o solstício é uma oportunidade de
ficar com aqueles que ama e celebrar o fato de estarem juntos e em paz. Além
disso, é um momento importante para ela como Grã-Senhora, marcando o início de
sua nova vida.
“Houve uma época em que tive medo daquela primeira neve, em que vivia aterrorizada pela ideia de longos e cruéis invernos. Mas foi um longo e cruel inverno que me levou tão profundamente para dentro do bosque naquele dia, há quase dois anos. Um longo e cruel inverno que me deixou desesperada o bastante para matar um lobo, que, por fim, me trouxe até aqui – a esta vida, a esta... felicidade.”
Feyre, Rhys e seus amigos passaram por
muitas coisas e ainda carregam muitas cicatrizes por isso. No entanto, eles precisam
aprender a lidar com seus traumas e seguir em frente. E o Solstício de Inverno
pode representar não apenas um momento de trégua em meio a todo o trabalho que
terão para reconstruir a Corte Noturna (e Prythian), mas também uma chance de
começarem a cicatrizar suas feridas.
Corte
de Gelo e Estrelas é uma novela e, portanto, traz uma
história mais curta. Porém, isso não significa que ela seja menos importante.
Nesse livro, temos a oportunidade não apenas de matar a saudade de personagens
já conhecidos, mas de entender melhor como eles ficaram depois dos
acontecimentos de Corte de Asas e Ruína.
Assim, ele funciona como um livro de transição, preparando o terreno para o que
poderemos esperar nos próximos volumes da série.
Quem leu Corte de Asas e Ruínas sabe que muitas coisas ainda ficaram em
aberto e há muito a ser explorado nesse universo. Apesar do rei de Hybern ter
sido derrotado, as cortes de Prythian ainda precisam ser reconstruídas. Além
disso, agora que o muro foi derrubado, os humanos estão vulneráveis a invasões
feéricas. Em Corte de Gelo e Estrelas
temos uma noção mais exata dos problemas a serem enfrentados, bem como das
marcas psicológicas que ficaram dos acontecimentos anteriores.
Mais uma vez, amei acompanhar a Feyre e o
Rhys. Apesar do fim da guerra, os dois ainda têm muito com que lidar e gostei
do fato de que a Sarah J. Maas não ter optado por um caminho fácil, no qual os
dois viveram felizes para sempre depois de tudo que passaram. Ela mostrou que
os dois foram muito afetados por tudo que viveram e ainda eram assombrados por
tudo que quase perderam. Então, achei muito interessante ver esse processo dos
dois aprendendo a seguir e apoiando um ao outro nessa fase de recuperação.
“Encarei sem parar o tecido preto, era como olhar para um poço de inferno. E então encarei o fio de prata iridescente e vivo que o cortava, luminoso, apesar da escuridão que devorava qualquer outra luz e cor. Poderia ter sido Rhys. E eu. Quase fora assim. (...) Nesses meses, o e se me assombrava. Todos os e se dos quais tínhamos escapado por tão pouco. E esse feriado do Solstício, essa chance de comemorar estarmos juntos, vivos... A impossível profundeza da escuridão dentro de mim, a improvável provocação da Esperança brilhando nela, sussurrou a verdade antes que eu a conhecesse. Antes que soubesse o que queria dar a Rhys.”
Outro aspecto que gostei muito foi ver a
adaptação de Feyre à nova vida. Ela está assumindo seu papel como Grã-Senhora
da Corte Noturna. Apesar de ainda ter seus receios, ela se dedica totalmente ao
novo papel. Além disso, é bonito ver Feyre construindo um novo lar e o quanto
ela se importa com ele e com as pessoas que vivem ali.
Já o Rhys continua sendo aquele personagem
maravilhoso que a gente sente vontade de colocar em um potinho. Assim como
Feyre, ele ainda carrega o peso de tudo que enfrentou, e se dedica ao máximo
para reconstruir a Corte Noturna e garantir que a paz seja mantida em Prythian.
Além disso, é impossível não admirar a forma como ele trata Feyre, respeitando
as decisões e o espaço dela. Os dois possuem uma relação marcada pelo
companheirismo e a compreensão, o que é muito bonito de acompanhar.
“– Você nasceu na noite mais longa do ano. (...) Era para você estar do meu lado desde o início.”
Mas se teve um personagem que se destacou
nesse livro, para mim, foi o Cassian. Ele já tinha me conquistado nos livros
anteriores, mas em Corte de Gelo e Estrelas fica mais palpável o tamanho da
responsabilidade dele e o quanto isso o afeta. Confesso que meu coração ficou
apertado por ele em alguns momentos e um dos motivos que estou mais ansiosa
para ler o próximo livro da série é o fato de que quero muito saber o que
acontecerá com o Cassian.
Outros personagens que não tiveram tanto
destaque, mas que gostei muito de ver nesse livro foram o Az, a Elain e o
Lucien. O livro deixa claro que os três ainda têm muito com o que lidar,
especialmente Elain, e estou curiosa para saber qual caminho eles seguirão.
Confesso que eu gostaria que o Lucien tivesse mais espaço no livro, mas os
momentos que ele apareceu fizeram com que eu me apegasse ainda mais.
No entanto, nem tudo são flores e alguns
aspectos me desapontaram bastante. Acredito que o maior deles foi a Nesta. Essa
personagem foi um dos pontos altos do livro anterior e, nesse, ela conseguiu me
irritar em todas as cenas em que apareceu. É evidente que ela sofreu muito
durante a guerra e ainda está sofrendo, mas achei seu comportamento egoísta e,
muitas vezes, incompreensível. Ela agia como se fosse a única que estivesse sofrendo,
não explicava o que queria e ainda tratava mal quem realmente queria ajudá-la.
Não sei qual é o rumo que a Sarah J. Maas dará para essa personagem nos
próximos livros, mas espero que ela apareça com explicações muito boas para o
comportamento irritante nessa novela.
Outro ponto que não gostei muito é que,
mesmo sendo uma novela e, portanto, uma trama mais curta, a leitura foi um
tanto cansativa. Como tudo gira em torno do Solstício, achei que em um
determinado momento a história começou a soar repetitiva. Além disso, é uma
trama bem morna e sem grandes acontecimentos, o que deixaria o livro muito
lento, caso fosse escrito por outra autora que não Sarah J. Maas. Digo isso
porque a Sarah tem um dom para escrever histórias envolventes e não foi
diferente com Corte de Gelo e Estrelas. Apesar de não ser tão dinâmico quanto
os volumes anteriores, esse livro é uma leitura rápida e que tem méritos o
suficiente para manter a atenção do leitor.
“Ao celebrar as tradições, mesmo com os presentes, honramos aqueles que lutaram justamente pela existência disso, pela paz que esta cidade tem agora.”
Preciso comentar ainda que nesse livro
teremos outros narradores, além de Feyre e Rhys. Alguns capítulos nos trazem a
perspectiva da Nesta e do Cassian, o que é muito importante, uma vez que tudo
leva a crer que eles serão os protagonistas do próximo livro. Porém, me
incomodou o fato dos capítulos com as perspectivas deles serem narrados em terceira
pessoa (diferente daqueles narrados pela Feyre e pelo Rhys). Não tenho
problemas com narração em terceira pessoa, às vezes eu até prefiro, mas a alternância
me incomodou. Além disso, a perspectiva de Nesta não ajudou em nada, pois não
trazia nenhuma explicação para o seu comportamento e nem deixou a personagem
menos irritante.
Com relação à edição, eu achei a capa
lindíssima e totalmente condizente com o livro. A edição interna também tem
detalhes que combinam com o clima de inverno da história. Além disso, as
páginas são amareladas, a fonte tem um bom tamanho para leitura e eu não
encontrei erros de revisão.
De um modo geral, Corte de Névoa e Gelo
foi uma leitura menos empolgante que os livros anteriores, mas que funciona bem
como transição para as continuações. Sarah J. Maas foi habilidosa ao trazer uma
noção do contexto político após o fim da guerra contra Hybern e dos problemas
que serão abordados nos próximos livros. Além disso, ela soube iniciar a
mudança de foco e começar a dar mais espaço para os personagens que
protagonizarão os próximos livros. Assim, recomendo a leitura para quem está
com saudade do universo de Corte de Espinhos e Rosas e que não vê a hora de ler
os próximos volumes da série.