[Resenha] Corte de Gelo e Estrelas


Olá, pessoal! Quem me acompanha aqui no blog sabe que esse ano os livros da Sarah J. Maas dominaram as minhas leituras, afinal, eu finalmente resolvi ler a trilogia Corte de Espinhos e Rosas. Então, é claro que depois de ler os três livros da série, eu não podia deixar o ano passar sem ler Corte de Gelo e Estrelas, novela ambientada no mesmo universo da série e que foi publicada pela Galera Record.
Confesso que, mesmo tendo terminado a trilogia recentemente, eu já estava com saudade dos personagens e ansiosa para saber os desdobramentos dos acontecimentos de Corte de Asas e Ruína. A Sarah J. Maas parece ter um dom para fazer o leitor mergulhar nos universos criados por ela e cada oportunidade de revisitá-los é maravilhoso. Por isso, fiquei muito feliz por ter conseguido ler Corte de Gelo e Estrelas ainda esse ano e agora posso contar para vocês o que achei da leitura.


Autora: Sarah J. Maas
Editora: Galera Record
Tradução: Mariana Kohnert
Páginas: 238
Onde comprar: Amazon
Exemplar recebido em parceria com a editora
Sinopse: “O aguardado spin-off da série Corte de Espinhos e Rosas. Feyre, Rhys e seu círculo íntimo de amigos ainda estão ocupados reconstruindo a Corte Noturna e tentando manter a paz, conquistada a base de muito esforço e perdas pessoais, após a queda da muralha. Mas o Solstício de Inverno finalmente está próximo e, com isso, um alívio merecido. Compras, festas, celebração e a promessa de dias tranquilos. A atmosfera festiva não consegue, entretanto, impedir que as sombras da guerra se aproximem. Em seu primeiro Solstício como Grã-Senhora, Feyre ainda lida com os horrores do passado recente e percebe que seu parceiro e sua família têm mais cicatrizes do que ela esperava – cicatrizes que podem impactar o futuro, e a paz, de sua Corte.”

Aviso: A resenha contém spoilers dos livros anteriores da série.

Meses após a guerra contra Hybern, Prythian precisa ser reconstruída. Rhys e Feyre estão trabalhando incansavelmente para recuperar tudo que foi destruído na Corte Noturna e ainda precisam lidar com os problemas internos que ameaçam a estabilidade da Corte. Além disso, mesmo com a vitória, ambos carregam cicatrizes e ainda são assombrados por tudo que quase perderam. Juntos, eles precisam lidar com seus traumas e aprender a seguir em frente.
No entanto, uma grande comemoração se aproxima e é o momento ideal para que eles deixem o sofrimento e a tensão de lado. O Solstício de Inverno é um grande evento na Corte Noturna, com a reunião de familiares, uma ceia farta e troca de presentes, e Feyre quer que tudo seja perfeito. Se antes ela temia o inverno, por todas as dificuldades que ele representava para ela e sua família, agora o solstício é uma oportunidade de ficar com aqueles que ama e celebrar o fato de estarem juntos e em paz. Além disso, é um momento importante para ela como Grã-Senhora, marcando o início de sua nova vida.
“Houve uma época em que tive medo daquela primeira neve, em que vivia aterrorizada pela ideia de longos e cruéis invernos. Mas foi um longo e cruel inverno que me levou tão profundamente para dentro do bosque naquele dia, há quase dois anos. Um longo e cruel inverno que me deixou desesperada o bastante para matar um lobo, que, por fim, me trouxe até aqui – a esta vida, a esta... felicidade.”
Feyre, Rhys e seus amigos passaram por muitas coisas e ainda carregam muitas cicatrizes por isso. No entanto, eles precisam aprender a lidar com seus traumas e seguir em frente. E o Solstício de Inverno pode representar não apenas um momento de trégua em meio a todo o trabalho que terão para reconstruir a Corte Noturna (e Prythian), mas também uma chance de começarem a cicatrizar suas feridas.



Corte de Gelo e Estrelas é uma novela e, portanto, traz uma história mais curta. Porém, isso não significa que ela seja menos importante. Nesse livro, temos a oportunidade não apenas de matar a saudade de personagens já conhecidos, mas de entender melhor como eles ficaram depois dos acontecimentos de Corte de Asas e Ruína. Assim, ele funciona como um livro de transição, preparando o terreno para o que poderemos esperar nos próximos volumes da série.
Quem leu Corte de Asas e Ruínas sabe que muitas coisas ainda ficaram em aberto e há muito a ser explorado nesse universo. Apesar do rei de Hybern ter sido derrotado, as cortes de Prythian ainda precisam ser reconstruídas. Além disso, agora que o muro foi derrubado, os humanos estão vulneráveis a invasões feéricas. Em Corte de Gelo e Estrelas temos uma noção mais exata dos problemas a serem enfrentados, bem como das marcas psicológicas que ficaram dos acontecimentos anteriores.
Mais uma vez, amei acompanhar a Feyre e o Rhys. Apesar do fim da guerra, os dois ainda têm muito com que lidar e gostei do fato de que a Sarah J. Maas não ter optado por um caminho fácil, no qual os dois viveram felizes para sempre depois de tudo que passaram. Ela mostrou que os dois foram muito afetados por tudo que viveram e ainda eram assombrados por tudo que quase perderam. Então, achei muito interessante ver esse processo dos dois aprendendo a seguir e apoiando um ao outro nessa fase de recuperação.
“Encarei sem parar o tecido preto, era como olhar para um poço de inferno. E então encarei o fio de prata iridescente e vivo que o cortava, luminoso, apesar da escuridão que devorava qualquer outra luz e cor. Poderia ter sido Rhys. E eu. Quase fora assim. (...) Nesses meses, o e se me assombrava. Todos os e se dos quais tínhamos escapado por tão pouco. E esse feriado do Solstício, essa chance de comemorar estarmos juntos, vivos... A impossível profundeza da escuridão dentro de mim, a improvável provocação da Esperança brilhando nela, sussurrou a verdade antes que eu a conhecesse. Antes que soubesse o que queria dar a Rhys.”
Outro aspecto que gostei muito foi ver a adaptação de Feyre à nova vida. Ela está assumindo seu papel como Grã-Senhora da Corte Noturna. Apesar de ainda ter seus receios, ela se dedica totalmente ao novo papel. Além disso, é bonito ver Feyre construindo um novo lar e o quanto ela se importa com ele e com as pessoas que vivem ali.
Já o Rhys continua sendo aquele personagem maravilhoso que a gente sente vontade de colocar em um potinho. Assim como Feyre, ele ainda carrega o peso de tudo que enfrentou, e se dedica ao máximo para reconstruir a Corte Noturna e garantir que a paz seja mantida em Prythian. Além disso, é impossível não admirar a forma como ele trata Feyre, respeitando as decisões e o espaço dela. Os dois possuem uma relação marcada pelo companheirismo e a compreensão, o que é muito bonito de acompanhar.
“– Você nasceu na noite mais longa do ano. (...) Era para você estar do meu lado desde o início.”
Mas se teve um personagem que se destacou nesse livro, para mim, foi o Cassian. Ele já tinha me conquistado nos livros anteriores, mas em Corte de Gelo e Estrelas fica mais palpável o tamanho da responsabilidade dele e o quanto isso o afeta. Confesso que meu coração ficou apertado por ele em alguns momentos e um dos motivos que estou mais ansiosa para ler o próximo livro da série é o fato de que quero muito saber o que acontecerá com o Cassian.
Outros personagens que não tiveram tanto destaque, mas que gostei muito de ver nesse livro foram o Az, a Elain e o Lucien. O livro deixa claro que os três ainda têm muito com o que lidar, especialmente Elain, e estou curiosa para saber qual caminho eles seguirão. Confesso que eu gostaria que o Lucien tivesse mais espaço no livro, mas os momentos que ele apareceu fizeram com que eu me apegasse ainda mais.



No entanto, nem tudo são flores e alguns aspectos me desapontaram bastante. Acredito que o maior deles foi a Nesta. Essa personagem foi um dos pontos altos do livro anterior e, nesse, ela conseguiu me irritar em todas as cenas em que apareceu. É evidente que ela sofreu muito durante a guerra e ainda está sofrendo, mas achei seu comportamento egoísta e, muitas vezes, incompreensível. Ela agia como se fosse a única que estivesse sofrendo, não explicava o que queria e ainda tratava mal quem realmente queria ajudá-la. Não sei qual é o rumo que a Sarah J. Maas dará para essa personagem nos próximos livros, mas espero que ela apareça com explicações muito boas para o comportamento irritante nessa novela.
Outro ponto que não gostei muito é que, mesmo sendo uma novela e, portanto, uma trama mais curta, a leitura foi um tanto cansativa. Como tudo gira em torno do Solstício, achei que em um determinado momento a história começou a soar repetitiva. Além disso, é uma trama bem morna e sem grandes acontecimentos, o que deixaria o livro muito lento, caso fosse escrito por outra autora que não Sarah J. Maas. Digo isso porque a Sarah tem um dom para escrever histórias envolventes e não foi diferente com Corte de Gelo e Estrelas. Apesar de não ser tão dinâmico quanto os volumes anteriores, esse livro é uma leitura rápida e que tem méritos o suficiente para manter a atenção do leitor.
“Ao celebrar as tradições, mesmo com os presentes, honramos aqueles que lutaram justamente pela existência disso, pela paz que esta cidade tem agora.”
Preciso comentar ainda que nesse livro teremos outros narradores, além de Feyre e Rhys. Alguns capítulos nos trazem a perspectiva da Nesta e do Cassian, o que é muito importante, uma vez que tudo leva a crer que eles serão os protagonistas do próximo livro. Porém, me incomodou o fato dos capítulos com as perspectivas deles serem narrados em terceira pessoa (diferente daqueles narrados pela Feyre e pelo Rhys). Não tenho problemas com narração em terceira pessoa, às vezes eu até prefiro, mas a alternância me incomodou. Além disso, a perspectiva de Nesta não ajudou em nada, pois não trazia nenhuma explicação para o seu comportamento e nem deixou a personagem menos irritante.
Com relação à edição, eu achei a capa lindíssima e totalmente condizente com o livro. A edição interna também tem detalhes que combinam com o clima de inverno da história. Além disso, as páginas são amareladas, a fonte tem um bom tamanho para leitura e eu não encontrei erros de revisão.
De um modo geral, Corte de Névoa e Gelo foi uma leitura menos empolgante que os livros anteriores, mas que funciona bem como transição para as continuações. Sarah J. Maas foi habilidosa ao trazer uma noção do contexto político após o fim da guerra contra Hybern e dos problemas que serão abordados nos próximos livros. Além disso, ela soube iniciar a mudança de foco e começar a dar mais espaço para os personagens que protagonizarão os próximos livros. Assim, recomendo a leitura para quem está com saudade do universo de Corte de Espinhos e Rosas e que não vê a hora de ler os próximos volumes da série.

[Resenha] Bruxa Akata


Olá, pessoal! Estou aproveitando os últimos dias do ano para ler alguns livros que estava bastante curiosa e, claro, trazer a resenha para vocês. Um desses livros é Bruxa Akata, da autora Nnedi Okorafor, publicado pela Galera Record no segundo semestre de 2018.
Eu fiquei curiosa assim que soube desse lançamento, pois ele apresenta muitas lendas e mitos africanos, sobre os quais eu nunca li nada. Assim, estava esperando uma fantasia diferente de tudo que já li.  No entanto, eu demorei um pouco para ler justamente por ter medo de sentir dificuldade para me conectar com a leitura ou entender o universo apresentado. Assim, estava esperando um momento em que pudesse mais à leitura.
Felizmente, essa hora chegou e eu não tive dificuldade nenhuma. Os meus medos acabaram se mostrando infundados e a leitura transcorreu bem. Porém, nem tudo são flores e eu preciso dizer que minha relação com esse livro foi de altos e baixos.


Autora: Nnedi Okorafor
Editora: Galera Record
Tradução: João Sette Câmara
Páginas: 322
Onde comprar: Amazon
Exemplar recebido de parceria com a editora
Sinopse: “Carinhosamente apelidado de Harry Potter nigeriano, Bruxa Akata tece uma trama de magia e mistério, repleta de mitologia africana. Uma verdadeira história de amizade, superação e sobre como achar seu lugar no mundo. Sunny tem 12 anos e sempre viveu na fronteira entre dois mundos. Filha de nigerianos, nasceu nos Estados Unidos; suas feições são africanas, mas ela é albina. Uma pária, incapaz de passar despercebida. O sol é seu inimigo. Castiga a pele delicada e a expõe aos olhares curiosos. Parece não haver lugar onde ela se encaixe. É sob a lua que a menina se solta, jogando futebol com os irmãos. E então ela descobre algo incrível – na realidade, ela é uma pessoa-leopardo em um mundo de ovelhas. Sunny é alguém com um talento mágico latente. Mais que isso: é uma agente livre. Uma pessoa com poderes, mas que nasceu de pais comuns. Logo ela se torna parte de um quarteto de estudantes mágicos, pesquisando o visível e o invisível, aprendendo a alterar a realidade, sendo escolhida por um mentor e conseguindo, enfim, sua faca juju ― com a qual é capaz de fazer seus feitiços. Mas isso será suficiente para que encontrem e impeçam um assassino em série que está matando crianças? Um homem perigoso com planos de abrir um portal e invocar o fim do mundo?”

Em Bruxa Akata, Sunny é uma menina de doze anos, filha de pais nigerianos, mas que nasceu e cresceu nos Estados Unidos. Quando ela tinha nove anos, os pais resolveram voltar para a Nigéria com ela e seus dois irmãos mais velhos.  A adaptação de Sunny não foi fácil, especialmente na escola, onde ela foi rotulada e discriminada por ser americana e, principalmente, por ser albina.
“Está vendo por que confundo as pessoas? Sou nigeriana por sangue, americana por nascimento e nigeriana de novo, porque moro aqui. Tenho feições típicas da África Ocidental, assim como minha mãe, mas apesar de o resto da família ter a pele marrom-escura, eu tenho cabelo amarelo, pele de cor de ‘leite-azedo’ (ou pelo menos é isso que as pessoas imbecis me dizem) e olhos castanho-esverdeados, um testemunho de que Deus carecia da cor certa. Sou albina.”
Alvo constante de provocações e agressões dos colegas, Sunny ainda é privada de seu esporte favorito: o futebol. Ela não podia jogar tanto por não ser um esporte comum para meninas no país, quanto pelo fato de que não podia ficar exposta ao sol. Com isso, mesmo já morando no país há 3 anos, Sunny tem dificuldade em se encaixar ali.
No entanto, as coisas se complicam ainda mais na vida da garota quando ela descobre ter poderes mágicos. Sunny era classificada como um agente-livre, filha de pais ovelhas (pessoas sem magia), e precisa se esforçar para conseguir acompanhar os novos amigos que já nasceram sabendo que tinham dons. Uma grande ameaça se aproxima e eles precisam estar prontos para enfrentá-la.


A primeira coisa que eu preciso destacar sobre esse livro é o universo apresentado pela autora Nnedi Okorafor. A autora inseriu vários elementos do folclore nigeriano e soube trabalhá-los muito bem na trama. Como eu nunca tive contato com obras que trouxessem essas lendas, esse foi um aspecto que deixou a leitura mais interessante para mim. Conhecer esse universo e todos os mitos que ele envolve foi algo fascinante.
Outro aspecto importante é que a autora soube enriquecer a história ao mesclar com a fantasia com o contexto social e cultural da Nigéria. De maneira sutil, ela insere muito da realidade nigeriana, especialmente através do choque cultural que Sunny comparando sua vida nos EUA com a vida que passa a ter na Nigéria. Além disso, ela ainda aborda questões como o racismo e o machismo, trazendo críticas principalmente às limitações que são impostas às mulheres.
“Ser albina fez do sol meu inimigo; minha pele queima com tanta facilidade que quase me sinto inflamável. É por isso que, apesar de ser muito boa no futebol, eu não podia me juntar aos garotos quando jogavam na escola. De qualquer forma, jamais permitiriam que eu jogasse, porque sou menina. Eles têm a mente muito fechada. Eu só podia jogar à noite, com meus irmãos, quando eles tinham vontade.”
No entanto, se gostei muito da mitologia apresentada e também do contexto cultural e social abordados pela autora, a trama deixou a desejar. Apesar de ser compreensível que o primeiro livro de uma série seja mais introdutório, a sensação que tive ao concluir a leitura é que a autora perdeu muito tempo com coisas que não eram tão relevantes e o que de fato importava foi trabalhado muito rapidamente.
Assim, este é um livro sem grandes acontecimentos na maior parte do tempo, mas aqueles que deveriam ter mais destaque passaram tão rapidamente que não tiveram impacto. O livro conta com várias cenas que foram mal desenvolvidas e o final é bastante frustrante, pois tudo é resolvido de uma maneira tão apressada que não gerou nenhuma tensão.



Não posso deixar de mencionar também que, apesar do universo apresentado ser bastante original, a trama me lembrou outros livros. Eu sei que é comum que os autores se inspirem em outras obras, especialmente no caso de livros de fantasia, e algumas das minhas séries favoritas têm muito em comum com outros livros. No entanto, me incomodou um pouco o fato de que as referências da autora foram muito óbvias, especialmente para quem leu Harry Potter.
Outro problema do livro são os personagens. Embora estejam longe de serem ruins ou irritantes, faltou carisma e desenvolvimento. Nenhum deles, nem mesmo a protagonista, teve sua personalidade aprofundada. Além disso, eles não têm nenhuma qualidade que os destaque ou que tenha me cativado. Assim, faltou carisma e complexidade aos personagens, fazendo com que eu terminasse a leitura sem me importar muito com o que aconteceria a eles.
A escrita de Nnedi Okorafor é clara e envolvente. Mesmo com os problemas na condução da trama, a leitura não foi maçante ou arrastada. Além disso, ela conseguiu apresentar o universo de maneira satisfatória e usar muito bem os mitos e lendas dentro da trama. Porém, acredito que ela poderia ter desenvolvido melhor alguns momentos, principalmente o final.
“Era como se a realidade estivesse desabrochando, se abrindo, e se abrindo um pouco mais. Tudo permanecia igual, mas era como se houvesse mais de tudo.”
Com relação à edição, achei a capa maravilhosa e totalmente condizente com a história. Por dentro, o livro conta com algumas ilustrações relacionadas a acontecimentos importantes da trama. Não são muitas, mas aparecem quando necessário na história. Além disso, as páginas amareladas e o tamanho da fonte deixam a leitura muito confortável.
Deste modo, Bruxa Akata apresenta um universo muito rico e interessante. Os elementos fantásticos são bem trabalhados ao longo do livro e foram fundamentais para me prender na leitura. Apesar dos problemas na construção da trama, é um livro envolvente e considero uma boa opção para quem tem interesse em conhecer um pouco sobre o folclore africano.

[Resenha] Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar


A ansiedade tem sido um tema cada vez mais frequente nos dias de hoje. Afinal, quem nunca se desesperou com a perspectiva de chegar em um novo ambiente e conhecer outras pessoas? Ou, pior ainda, quem nunca ficou se cobrando por sentir que os outros estavam progredindo enquanto a sua vida não saiu como o esperado? Com as redes sociais, esse sentimento tem sido ainda mais presente na vida das pessoas.
Por esse motivo, fiquei imediatamente curiosa desde que vi Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar, que foi lançado no Brasil pela Galera Record. Com uma escrita leve e muito bom humor, a autora Beth Evans traz situações do cotidiano para falar sobre as dificuldades que muitos enfrentam ao chegar na vida adulta e ainda abordar temas como ansiedade, depressão e TOC.

Autora: Beth Evans
Editora: Galera Record
Tradução: Giu Alonso
Páginas: 192
Onde comprar: Amazon
Exemplar recebido de parceria com a editora.
Sinopse: “Com ilustrações bem-humoradas, Beth Evans escreve sobre depressão, ansiedade, formulário, boletos e outros desafios para se tornar um adulto. A vida adulta não é fácil. E quem nunca fuxicou as redes sociais de amigos bem-sucedidos, só para se comparar, e acabou se sentindo pior ainda, que atire a primeira pedra. Contando suas próprias histórias vergonhosas, e outras mais sérias como depressão e TOC, a autora consegue extrair lições valiosas, sem perder a leveza diante da seriedade de diversos assuntos. Este livro é repleto de conselhos amigáveis sobre como cuidar de si mesmo, como procurar ajuda (não importa quais sejam seus problemas) e agarrar-se aquilo que te faz feliz – seja uma banda, seja uma maratona da Netflix. Beth Evans é uma contadora de histórias supercriativa, e seus desenhos complementam suas palavras com um humor único. Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar é como um abraço do seu melhor amigo naqueles dias sofríveis. E, como melhor amigo, está aqui para dizer: ‘Você consegue!’.”

Com uma narrativa bem fluida, Beth Evans traz em Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar relatos bem sinceros de momentos diferentes da sua vida, com os quais os leitores poderão se identificar muito. Ela fala com muito bom humor de situações da adolescência e, principalmente, da fase adulta que podem parecer aterrorizantes quando vivemos. Assim, os relatos vão desde o pavor de quando aparece um bicho em casa e precisamos lidar com isso, até questões relacionadas com a nossa saúde mental.
“Errar faz parte da experiência de ser adulto, embora muitas vezes a gente veja os outros como sendo excelentes nisso, sem nunca dar uma mancada. A verdade é mais assim: as pessoas falham, e é falhando que elas aprendem a evitar essas falhas no futuro.”


Sem propor soluções mágicas, Beth Evans se dedicou nesse livro a abordar as dificuldades dessa transição para a vida adulta e como cada pessoa irá lidar de uma maneira diferente com as mudanças desse período e com as expectativas que ele envolve. Além disso, ela procura desmistificar questões relacionadas à saúde mental e, principalmente, tirar o estigma de assuntos como depressão e ansiedade. Deste modo, é um livro para mostrar ao leitor que ele não está sozinho e que é normal não se sentir bem o tempo todo.


Todo mundo que está ou já passou pela fase dos 20 e poucos anos sabe que essa transição não é fácil. Temos muitas expectativas e quando nos deparamos com a realidade ela dificilmente se encaixa no que imaginamos. O problema é que, muitas vezes, achamos que todos estão se saindo muito bem e só nós ficamos para traz. E é isso que Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar vem para desmistificar.
Com uma escrita bem leve e divertida, Beth Evans mostra que essa transição para a vida adulta é realmente complicada e que é normal darmos alguns tropeços nesse caminho. Além disso, ela destaca o fato de que não somos obrigados a estar bem o tempo todo e nem a seguir o mesmo ritmo de amigos e familiares. Afinal, cada pessoa tem sua própria forma de lidar com as mudanças da vida e não dá para nos medirmos pela vida dos outros.
“Sempre vai haver alguém, em algum lugar, se dando melhor que você. Também tem alguém pior que você. É um ciclo sem fim de competição totalmente desnecessário. [...] Mas a boa notícia é que você pode criar a sua própria definição de sucesso e progresso.”

Outro aspecto que achei interessante é o fato de que, por mais que eu não tenha me visto em todas as situações narradas pela autora, já que são relatos bem pessoais, consegui me identificar com muitas questões que ela levanta sobre a vida adulta. Além disso, mesmo aqueles casos em que eu nunca vivi nada parecido, a autora descreveu de uma maneira tão habilidosa que consegui entender o que ela sentia.
Nesse sentido, um sentimento que me acompanhou durante a leitura foi a empatia. Não apenas eu me senti confortada por ver situações que demonstravam que eu não sou a única a estar tropeçando nessa vida adulta, como parei para me colocar no lugar dos outros também. A autora fala muito sobre como muitas vezes pensamos que as pessoas a nossa volta estão muito bem (algo que as redes sociais reforçam muito), mas elas podem estar passando por problemas que nem imaginamos.

“Pedir ajuda pode ser uma das coisas mais difíceis que uma você ou qualquer pessoa pode fazer. Para pedir ajuda, você precisa ficar vulnerável e parecer menos forte do que gostaria que as pessoas pensassem que é. Significa deixar alguém entrar em seu mundo e ver o quão complicado você é”.



É importante destacar ainda que o livro não aborda apenas os problemas da vida cotidiana de um jovem adulto, mas de questões ainda mais complicadas como depressão, TOC e ansiedade. A autora falou de maneira bem honesta sobre saúde mental e a importância de discutirmos o assunto. Além disso, sem tentar trazer soluções mágicas ou diminuir o sofrimento de quem tem distúrbios psicológicos, ela passa uma mensagem de esperança e de que é possível seguir em frente.
“Já é bem difícil lidar com a ansiedade sozinha, e bem pior quando as pessoas tentam sacanear você. Encontrar o equilíbrio é uma luta diária. (...) Mas cada passo em direção a dominar esses temores é positivo, e um passo atrás não significa que todo o seu trabalho não serviu de nada.”

Sobre a escrita de Beth Evans, foi uma ótima surpresa. Ela conseguiu escrever com muita leveza e bom humor, mas sem diminuir a importância de questões sérias. Além disso, a maneira como o livro foi narrado parecia mais uma conversa entre amigos, o que deixou a leitura ainda mais envolvente. Minha única ressalva, é que o livro poderia ser um pouco menor, pois no final já estava começando a soar repetitivo. No entanto, isso não chegou a comprometer, pois a importância do assunto e o humor presente no livro contribuíram para manter meu envolvimento com a leitura.
“Naquele momento, nos tornamos adultas – mas que não sabiam como matar uma centopeia gigante. Então a gente se apertou atrás de um sofá para observá-la. Era fato consumado que não daria para se livrar do bicho, então chegamos à conclusão de que era melhor em paz se ele fizesse o mesmo com a gente. Às vezes, coisas de adulto são muito assustadoras, então você lida com elas da melhor forma possível.”

Com relação à edição, está muito caprichada. O livro conta com ilustrações muito divertidas, feitas pela própria autora, e que agregam bastante à leitura. Além disso, a fonte tem um ótimo tamanho para leitura e a revisão está impecável.
Assim, Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar foi uma leitura que me divertiu e confortou ao mesmo tempo. Enquanto lia, me identifiquei com várias situações relatadas por Beth Evans, mas também me solidarizei com outras que eu nunca vivi. É um livro que fala com bom humor sobre as dificuldades da vida adulta, mas que também fala de maneira muito delicada sobre saúde mental e a importância de sabermos que não estamos sozinhos. Em uma sociedade em que as pessoas são cada vez mais cobradas e que as redes sociais mostram uma vida perfeita que (quase) nunca condiz com a realidade, é bom ter um lembrete de que somos apenas humanos e, às vezes, as coisas não estarão tão bem assim. O importante é seguirmos em frente, um dia de cada vez.



[Resenha] Interferências


Olá, leitoras e leitores! Hoje vim falar sobre a maior surpresa que tive em 2018, o livro Interferências, da autora Connie Willis. Lançado pela Suma de Letras, esse livro chamou minha atenção por ter uma sinopse bem diferente e que parecia ser uma leitura muito divertida.
Para quem ainda não conhece, Connie Willis é uma aclamada autora de ficção científica. No entanto, o livro Interferências, publicado no Brasil no começo deste ano, tem um enredo que foge do que eu esperaria para o gênero, se aproximando mais de uma comédia romântica. Confesso que foi esse o motivo que me deixou mais curiosa para ler a obra e o escolhi para ser meu primeiro contato com a escrita da autora.
Agora, depois de um bom tempo com ele na minha meta de leitura, finalmente consegui ler e vou poder contar para vocês o que achei.


Autora: Connie Willis
Editora: Suma de Letras
Tradução: Viviane Diniz Lopes
Páginas: 464
Onde comprar: Amazon
Exemplar recebido de cortesia da editora
Sinopse: “Em um futuro não muito distante, um simples procedimento cirúrgico é capaz de aumentar a empatia entre os casais, e ele está cada vez mais na moda. Por isso, Briddey Flannigan fica contente quando seu namorado, Trent, sugere que eles façam a cirurgia antes de se casarem ― a ideia é que eles desfrutem de uma conexão emocional ainda maior, e que o relacionamento fique ainda mais completo. Bem, essa é a ideia. Mas as coisas acabam não acontecendo como o planejado: Briddey acaba se conectando com outra pessoa, totalmente inesperada. Conforme a situação vai saindo do controle, Briddey percebe que nem sempre muita informação é o melhor, e que o amor ― e a comunicação ― são bem mais complicados do que ela esperava.”

Ambientado em um futuro não muito distante, Interferências traz uma realidade em que a tecnologia permitiu um nível de conexão muito elevado. Por meio de um procedimento cirúrgico, o EED, casais poderiam se conectar e passar a sentir as emoções de seus parceiros. Por esse motivo, a protagonista Briddey fica muito empolgada quando seu namorado Trent propõe que eles façam o EED antes de casarem. Afinal, quem não gostaria de saber o que seu namorado sente e se ele realmente te ama?
O problema é que a notícia logo vaza e chega aos ouvidos das irmãs e da tia de Briddey, que não perdem tempo em deixar claro que não aprovam a ideia. Mas elas não são as únicas; até mesmo C. B. Schwartz, o nerd esquisitão do trabalho, tenta alertar Briddey de que a cirurgia poderia trazer consequências indesejáveis. Mas ela está confiante que o procedimento seria um sucesso e sua conexão emocional com Trent daria certo.

Mas é claro que nem tudo sai como o esperado e Briddey acaba se conectando não com outra pessoa que não o Trent. Mas, se o procedimento requeria envolvimento emocional, por que ela iria se conectar com alguém que não era seu namorado? E como explicar ao Trent o que havia acontecido? Assim, Briddey precisa encontrar respostas rapidamente e tentar resolver a situação. Mas, para isso, precisará se esquivar das perguntas do namorado e da constante intromissão de sua família.


Preciso confessar que um dos motivos que fizeram com que eu demorasse a ler esse livro foi o fato de ter visto muitas críticas negativas sobre ele. As opiniões que vi me deixaram com receio que fosse uma leitura arrasta. No entanto, provando que cada um sente a leitura de uma maneira diferente e é sempre bom ler para tirar suas próprias conclusões, eu adorei o livro e fiquei envolvida desde o começo.
O ponto que considero determinante para ter gostado da leitura é o humor presente na história. A trama já começa com muitas confusões e situações divertidas, em um estilo que me lembrou muito os livros da Sophie Kinsella (que eu adoro). No entanto, ela vai além e não se prende aos problemas amorosos e familiares de sua protagonista. Na verdade, o livro traz uma sátira da sociedade atual e a preocupação das pessoas em estarem sempre conectadas buscando novas tecnologias e mais informações. Deste modo, é possível perceber nas entrelinhas muitas críticas que são feitas através de um humor irônico e inteligente.
Os personagens também contribuíram para o meu envolvimento, mas confesso que tive meus problemas com alguns. A protagonista Briddey é uma personagem um tanto imatura e passiva, o que normalmente teria me irritado muito. No entanto, as confusões em que ela se mete foram tão divertidas que eu acabei conseguindo passar por cima disso. Além disso, ela é muito beneficiada por dois coadjuvantes que interagiram bem com ela e que foram fundamentais para que eu me envolvesse com a história.
Um desses personagens é o colega de trabalho de Briddey, C. B. Schwartz. Ele é inteligente, carismático e com um senso de humor afiado que eu adorei. Os melhores momentos do livro foram com C. B, e eu confesso que preferia que ele aparecesse mais do que a própria protagonista. Já a outra personagem que roubou a cena foi Maeve, a sobrinha de 9 anos da Briddey. Ela é uma criança prodígio impressionante, com uma personalidade muito forte e uma determinação surpreendentes. Confesso que, em alguns momentos, a esperteza de Maeve foi quase inacreditável para uma criança tão nova. No entanto, o carisma dela é tão grande que acabei deixando isso de lado e simplesmente me divertindo com as coisas que ela aprontava.



Já os demais personagens são realmente complicados e foi difícil simpatizar com eles. Desde o começo, fica evidente que Trent é um cara egoísta e totalmente voltado para o trabalho. Ele não merece Briddey e passei o livro inteiro torcendo para que ela percebesse isso. Já as irmãs e a tia dela são irritantes, já que não demonstram nenhum respeito pela privacidade de Briddey e estão sempre se intrometendo na vida dela ou despejando seus problemas. Porém, é inegável que elas tiveram um papel importante na trama tanto por representarem comportamentos que muitas vezes acontecem na realidade quanto por mostrarem o quanto o excesso de conexão muitas vezes pode ser ruim.
Com relação à trama, preciso avisar que é preciso ir de mente aberta. Não espere explicações detalhadas e lógicas sobre os acontecimentos, pois não se trata de um livro de ficção científica como muitos imaginaram. Como eu disse, esse livro é uma sátira dos tempos modernos e, por esse motivo, ele está muito mais próximo da comédia. As situações vividas pelos personagens são bastante absurdas e o interessante não é entender por que ou como elas ocorrem, mas perceber as críticas e ironias que estão por trás.
Assim, achei que a autora conseguiu desenvolver a trama com fluidez, porque tudo foi retratado com muito humor. Eu me diverti muito enquanto lia e fui rapidamente envolvida pela história. No entanto, acredito que a segunda parte do livro poderia ser reduzida, pois tem vários acontecimentos que não são tão relevantes assim. Embora eu não tenha achado maçante, senti que a leitura perdeu um pouco o ritmo. Mas a boa notícia é que isso não se prolongou muito e do meio para o final o livro fica bastante dinâmico.
De um modo geral, Interferências é um livro leve e divertido, que traz críticas bastante pertinentes sobre o modo como temos sido afetados pela tecnologia. Fiquei muito feliz por ter decidido dar uma chance para este livro e gostei bastante da escrita da autora. É uma obra bastante polêmica, que desagradou algumas pessoas, mas acabou sendo uma ótima surpresa para mim. Então, recomendo para quem se interessou pela sinopse ir com a mente aberta e disposto a tirar suas próprias conclusões. Quem sabe vocês também não se surpreendem com a leitura?

[Resenha] Os números do amor



Quem nunca assistiu ou, pelo menos ouviu falar do filme Uma linda mulher, estrelado por Julia Roberts e Richard Gere? Duvido muito encontrar alguém que não conheça a clássica história do milionário solitário que contrata uma prostituta para ser sua acompanhante e acaba se apaixonando por ela. Mas vocês já imaginaram se a história fosse invertida? Se, ao invés de um homem rico e solitário pagando pela companhia de uma prostituta, fosse uma jovem bonita e bem-sucedida que contratasse um acompanhante?
Bom, a autora Helen Hoang pensou nisso e escreveu o livro Os números do amor, publicado no Brasil pela Editora Paralela esse ano. Trata-se de uma comédia romântica tão fofa e divertida quanto o filme que a inspirou, mas que conseguiu ser uma leitura surpreendente, apesar do enredo clichê.

Autora: Helen Hoang
Tradução: Alexandre Boide
Editora: Paralela
Páginas: 280
Classificação: +18 anos
Onde comprar: Amazon
Sinopse: “Um romance que prova que o amor muitas vezes supera a lógica. Já passou da hora de Stella se casar e constituir família — pelo menos é isso que sua mãe acha. Mas se relacionar com o sexo oposto não é nada fácil para ela: talentosa e bem-sucedida, a econometrista é portadora de Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais. Se para ela a análise de dados é uma tarefa simples, lidar com os embaraços que uma interação cara a cara podem trazer parece uma missão impossível. Diante desse impasse, Stella bola um plano bem inusitado: contratar um acompanhante para ensiná-la a ser uma boa namorada. Enfrentando uma pilha cada vez maior de contas, Michael Phan usa seu charme e sua aparência para conseguir um dinheiro extra. O acompanhante de luxo tem uma regra que segue à risca: nada de clientes reincidentes. Mas ele se rende à tentação de quebrá-la quando Stella entra em sua vida com uma proposta nada convencional. Quanto mais tempo passam juntos, mais Michael se encanta com a mente brilhante de Stella. E ela, pela primeira vez, vai se sentir impelida a sair de sua zona de conforto para descobrir a equação do amor.”

Em Os números do amor, Stella é uma jovem econometrista, extremamente competente na sua profissão. Para ela, lidar com números e dados é algo natural e tranquilizador. Por outro lado, ter que interagir com as pessoas é desesperador, especialmente em encontros amorosos. O problema é que a mãe dela não vê a hora de Stella se casar e ter filhos, algo que ela, intimamente, também quer. Mas como ter filhos se ela sequer consegue manter um relacionamento?
Depois de uma conversa extremamente constrangedora com um colega de trabalho, Stella decide que talvez seja hora de começar a praticar e aprender a interagir melhor com os homens. E quem melhor do que um profissional para ensiná-la? Após procurar em uma agência, Stella marca um encontro com Michael Phan, um homem atraente e que, há dois anos, usa sua beleza para conseguir um dinheiro extra trabalhando como acompanhante.

“Quero que me ensine a manter um relacionamento. Não a parte sexual, mas a da companhia. Como hoje à noite. Conversar, compartilhar, andar de mãos dadas. Novidades são sempre assustadoras para mim, mas com você consigo lidar com isso e até gostar. Quero contratar você como namorado em tempo integral.”


Com várias contas se acumulando em casa, Michael viu no seu charme uma forma de conseguir pagá-las. No entanto, ele tem regras bastante rígidas que o ajudam a manter a vida pessoal longe da profissional, sendo a principal delas não repetir clientes. Mas ele acaba caindo em tentação quando Stella faz uma proposta inesperada. E, à medida que eles começam a conviver mais, vai se tornando cada vez mais difícil manter essa divisão entre as duas partes de sua vida.


Preciso confessar que, quando recebi esse livro, não sabia o que esperar. Não li a sinopse e nem conhecia a autora, então, iniciei a leitura completamente no escuro mesmo. Por essa capa linda, eu imaginei um romance clichê e leve de se ler. E, embora eu tenha acertado nesse sentido, não imaginava encontrar personagens tão cativantes e bem construídos. Além disso, me surpreendi ao perceber que a autora conseguiu transformar um enredo tão previsível em uma história única.
Um dos grandes méritos do livro é, sem dúvida, o casal principal. Ambos foram bem desenvolvidos pela autora e, mesmo que Michael possa parecer um mocinho perfeito (sério, onde eu encontro um desses?), eles têm conflitos que os tornam mais reais para os leitores. São questões bastante concretas e que foram bem exploradas pela autora, conferindo complexidade para os personagens ao mesmo tempo que conquistavam a empatia do leitor.
Stella é uma protagonista incrível e que me conquistou logo nas primeiras páginas. Ela inteligente, determinada e divertida, mas também tem suas inseguranças que fazem com que a gente queira colocá-la em um pontinho para proteger do mundo. No entanto, não pensem que Stella é uma personagem frágil. Ela é uma personagem muito forte e que vai aprendendo ao longo do livro a lidar com os seus medos e superá-los.                             
   
“Garotas como eu intimidam e afugentam namorados. Garotas como eu nunca são chamadas para sair. Garotas como eu precisam encontrar sua própria solução, inventar seu próprio destino. Precisei lutar para conseguir tudo na vida, e vou lutar por isso também.’

É preciso destacar também que Stella tem a síndrome de Asperger, um transtorno do espectro autista. Por esse motivo, a interação com outras pessoas, especialmente nas relações amorosas, é um grande desafio para ela. Para meu grande alívio, o assunto não foi abordado de maneira leviana ou caricata no livro. Pelo contrário, a autora soube construir muito bem a sua protagonista, de modo que o leitor conseguisse entender como a síndrome de Asperger afetava a vida de Stella, mas sem deixar que a personagem fosse definida unicamente pelo fato de ser autista.
Já o Michael é aquele personagem que entra para a lista de crushs literários logo nas primeiras páginas. Para começar, é lindo a delicadeza, o respeito e o carinho com que ele trata Stella, muito antes de perceber que ela tem Asperger. Além disso, adorei o fato de que Michael não a subestima em nenhum momento. Pelo contrário, ele a admira e valoriza pela mulher inteligente, talentosa e generosa que é, e muitas vezes se considera indigno dela.

“Ela não o provocara ou fora irônica. Na verdade, ficara impressionada com seu trabalho e com ele – com quem Michael era de verdade. Ninguém mais queria quem ele era de verdade. Só Stella. Num momento de fraqueza, ele deixara de lado suas preocupações e fora imprudente. Dissera sim só porque queria passar mais tempo com ela.”

Outro aspecto que fez com que eu gostasse muito do Michael é que, assim como Stella, os problemas de Michael são completamente compreensíveis. Ele tem questões familiares muito complicadas e que explicam muito o fato dele se sentir inferior a Stella. Além disso, adorei a relação dele com a mãe, as irmãs e a avó. A devoção que ele demonstra em relação a elas diz muito sobre seu caráter e fez com que eu me encantasse ainda mais por esse personagem. Deu para perceber que ele entrou para a minha lista de crushs literários?



Não posso deixar de mencionar também o quanto eu gostei da relação entre Stella e Michael. Ao contrário do que costuma acontecer em muitos livros do gênero, o romance não é apressado e, apesar de contar com muitas cenas de sexo, não é nada vulgar ou fora de tom. Apesar da forma inusitada que eles se conhecem, a aproximação entre Stella e Michael foi gradual e convincente, fazendo com que eu torcesse muito pelo casal desde o começo.

“Ele a fazia rir e a escutava, mesmo quando ela não dizia nada de muito interessante. Stella se sentia confortável ao seu lado, até demais. Às vezes, ela até se convencia de que os rótulos atribuídos a ela não importavam. Eram apenas palavras.”

Com relação aos personagens secundários, apesar de não serem muito desenvolvidos, conquistam a simpatia do leitor nos momentos que aparecem. A família de Michael, em especial, é maravilhosa. São personagens muito carismáticos e que conquistam ainda mais por serem tão amorosos e leais. Mas preciso dizer que dois se destacaram muito a irmã mais nova de Michael, Janie, e o primos dele, Quan. Já estou torcendo para ver mais desses dois nos próximos livros.
Já a escrita de Helen Hoang não poderia ser mais envolvente. A trama é leve e com um bom equilíbrio entre romance, humor e um pouquinho de drama. Além disso, ela soube desenvolver questões importantes de uma maneira delicada, fazendo com que, apesar do enredo clichê, essa leitura se destacasse. A minha única ressalva é que, ao invés de dar destaque para um personagem desnecessário (e muito irritante), a autora poderia ter explorado um pouco mais uma decisão que Michael toma mais para o final. Isso não chegou a ser um problema, pois acredito que essa questão receberá mais destaque em algum dos próximos livros. No entanto, gostaria que tivesse sido um pouco mais explicado já nesse primeiro.
Assim, Os números do amor foi um livro que se mostrou uma leitura tão leve quanto eu imaginava, mas ainda mais encantadora. Com personagens bem construídos e cativantes, Helen Hoang conseguiu trazer uma versão de Uma linda mulher que saiu do óbvio e me surpreendeu positivamente. Não vejo a hora de ler as continuações e recomendo esse primeiro volume para todo mundo que ama uma boa comédia romântica.


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Apaixonada por literatura desde pequena, nunca consegui ficar muito tempo sem um livro na mão. Assim, o Dicas de Malu é o espaço onde compartilho um pouco desse meu amor pelo mundo literário.




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