Autora: Angie Thomas
Editora: Galera Record
Comprar: Amazon
Exemplar recebido em parceria com a
editora
Sinopse: "Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar."
Como começar a falar sobre um livro que te
fez chorar, rir, se emocionar, se apaixonar e sentir como se estivesse levando
vários socos no estômago? É isso que estou pensando há mais de uma hora na
frente do computador enquanto tento traduzir para vocês tudo que senti lendo O
ódio que você semeia, da autora Angie Thomas, lançamento de 2017 da Galera Record.
Com um tema que toca diretamente em uma
ferida ainda aberta em vários lugares do mundo, O ódio que você semeia é o
romance de estreia da Angie Thomas e, desde sua publicação, permanece
constante na lista dos mais vendidos do The New York Times. Foi, sem dúvida, um
dos livros mais comentados do ano passado e, depois de concluir a leitura,
consegui entender o motivo.
Starr é uma jovem de dezesseis anos, negra
e moradora de um bairro pobre nos Estados Unidos. Sua vida é dividida em duas
realidades distintas que ela tenta manter afastadas: a que ela vive com a
família e os amigos do bairro em que mora, e a da escola particular onde
estuda, com amizades diferentes e um namorado branco. Ela conseguia equilibrar
os dois mundos em que vivia, sem deixar que eles se encontrassem, e manter uma
vida normal para qualquer adolescente.
Tudo muda no dia em que Starr presencia o
assassinato de Khalil, seu amigo de infância, por um policial. O assunto vira
notícia e, rapidamente, surgem pessoas sugerindo que Khalil era traficante, um
bandido, integrante de uma gangue. A investigação sequer havia começado, mas já
tinham um condenado.
Por ser a única testemunha, somente Starr
poderia esclarecer o que realmente aconteceu naquela noite. No entanto, isso a
torna alvo de ameaças tanto da polícia quanto de chefes do tráfico local. Será
que ela teria coragem para falar a verdade e defender seu amigo das acusações?
E, se Starr falar, será que sua voz seria capaz de conseguir justiça para
Kahlil?
“Eu sempre disse que, se visse acontecer com alguém, minha voz seria a mais alta e garantiria que o mundo soubesse o que aconteceu.
Agora, sou essa pessoa, e estou morrendo de medo de falar.”
O primeiro ponto que preciso destacar
sobre O ódio que você semeia é o quanto ele é real. Trata-se de uma obra de
ficção, mas que poderia se aplicar à realidade de milhares de pessoas, não só
nos Estados Unidos. E é justamente o fato de ser tão verossímil que torna esse
livro tão impactante e, por vezes, perturbador. Há momentos brutais e
dolorosos, que são ainda mais difíceis quando pensamos que eles acontecem todos
os dias.
No entanto, se engana quem pensa que este
é daqueles livros em que choramos do começo ao fim. Como disse no início da
resenha, eu também ri e me apaixonei durante essa leitura. Mérito para a Angie
Thomas que soube dosar muito bem cada um dos momentos mais dolorosos com outros
mais leves e com um humor inteligente, sem deixar que a leitura se tornasse muito
dramática.
Outro aspecto que gostei muito foi a
excelente construção de personagens feita pela autora. Starr é, provavelmente,
uma das protagonistas mais humanas e capazes de despertar empatia que eu já li.
Ela passa por um trauma terrível e, obviamente, isso tem impacto no seu
comportamento daí em diante. No entanto, ainda é uma adolescente normal, dona
de um senso de humor afiado e de uma personalidade forte, mas que erra, sente
medo e tem seus momentos de rebeldia. Além disso, os conflitos que Starr
apresenta ao longo da trama são tão compreensíveis, mesmo para quem não
vivenciou nada parecido, que é impossível não entender suas hesitações e, até
mesmo, seus erros.
“Logo cedo eu aprendi que as pessoas comentem erros, e você tem que decidir se os erros são maiores do que o seu amor por elas”.
Mas não é só a Starr que cativa os
leitores. Todos os demais personagens são bem desenvolvidos ao longo do livro e
terminei a leitura apegada a eles de um modo que me surpreendeu. Os pais de
Starr são maravilhosos, daqueles que cometem alguns exageros, mas amam os
filhos acima de tudo. Há também os dois irmãos dela, Seven e Sekany, o namorado
Chris, as amigas do colégio, Maya e Hailey, e DeVant, um garoto problemático
que acabou se tornando um dos meus favoritos do livro. Cada um deles tem a sua
própria jornada dentro do livro e, mesmo que uma especificamente tenha angariado minha total antipatia, todos são complexos e desempenham um papel importante no
desenvolvimento da própria Starr.
No entanto, o que tornou O ódio que você
semeia tão especial e importante foi o fato de que Angie Thomas realmente
colocou o dedo na ferida. Ela falou abertamente sobre o racismo em todas as
suas formas, desde as mais extremas, como a violência policial, até aquelas
mais sutis que passam despercebidas por muitos. Ao longo do livro, não faltam
demonstrações que este ainda é, infelizmente, um problema presente na nossa
sociedade e que está longe de conseguir justiça.
Porém, não pensem que esta é uma leitura
pessimista. A autora mostra uma realidade dura e não tenta disfarçá-la, mas ela
também fala sobre a importância da nossa voz. Ainda vivemos em uma sociedade
preconceituosa e injusta, mas, para mudar isso, não podemos nos calar diante de
abusos, violências e preconceitos.
“Esse é o problema. Nós deixamos as pessoas dizerem coisas, e elas dizem tanto que se torna uma coisa natural para elas e normal para nós. Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio em momentos que não deveria?”
Com relação à escrita da autora, não preciso
nem dizer que é maravilhosa. Angie Thomas escreveu uma história forte,
importante e emocionante, que envolve o leitor desde as primeiras páginas.
Fiquei impressionada com a habilidade com que ela desenvolveu a trama e os
personagens, e também com a sensibilidade que demonstrou ao abordar temas
difíceis. Sendo esse o romance de estreia dela, estou ansiosa para conferir
seus próximos livros.
Sobre a edição, só posso dizer que a
Galera Record acertou muito. O livro mantém a capa original, tem páginas
amareladas e as letras com um tamanho adequado para leitura. Além disso, não
encontrei nenhum erro de revisão.
Só me resta dizer que, mais do que um
ótimo livro, O ódio que você semeia
é uma leitura necessária. Trata-se de um livro que, ao mesmo tempo, emociona e
diverte; que deixa o leitor com a sensação de levar um soco no estômago em
vários momentos, mas traz uma mensagem de esperança sobre a força de cada um de
nós e nossa capacidade de transformar o mundo. Foi uma leitura honesta e
impactante, que me marcou muito, e que recomendo para todos aqueles que ainda
acreditam que podemos alcançar, algum dia, um mundo com mais amor e menos ódio.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAcho que meu comentário anterior não foi...
ResponderExcluirEu quero muito ler este livro e não consegui cumprir essa leitura ano passado.
Mas está na minha lista *_*
<a href="http://saidaminhalente.com>Sai da Minha Lente</a>
Menina esse livro é uma coisa de tão maravilhoso e assim como você eu também amei a obra, a autora arrasou na construção dos personagens e profundidade da temática, esse livro foi um tiro de tão maravilhoso!
ResponderExcluirOlá, tudo bem?
ResponderExcluirEu já li algumas resenhas desse livro nos últimos dias e posso falar tranquilamente que o livro me conquistou sem ao menos eu ter de fato lido o mesmo. Gostei da sua resenha e fico feliz que essa leitura tenha te envolvido!
Abraço!
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirQuero muito, muito mesmo, ler esse livro. Muitas pessoas também falam que esse livro é maravilhoso, não vejo a hora de ler.
Beijinhos,
http://livroseimaginacoes.blogspot.com.br
Uau!
ResponderExcluirEstou meio sem palavras, mas é porque só pelos trechos que destacou, acho que já levei um soco no estômago. Essa frase "Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio em momentos que não deveria?”, foi algo que me fez querer ler ainda mais esse livro, mesmo sabendo que vai ser um tapa atrás do outro. Adorei a sua resenha e estou louca para conferir essa história também!
Beijinhos,
https://literaleitura2013.blogspot.com.br/
Oi, tudo bem? Fiz essa leitura recentemente e lembro que a todo momento em tinha que parar, porque ela me provocava bastante raiva e choque, por retratar cenas tão afastadas da minha realidade, mas tão tristes e violentas. Acho que, por mais que saibamos, em tese, o que é o racismo, não sabemos até onde ele vai, mais ou menos como o machismo (muita gente sabe a tese, mas, como não a vivencia, não tem como dizer o que é e o que não é). O que mais me cativou no livro foi o fato de ele tratar de algo tão pesado de uma forma tão próxima da juventude, sem perder a harmonia e a leveza. "Qual é o sentido de ter voz se você vai ficar em silêncio em momentos que não deveria?” - esse quote é um dos mais marcantes, com certeza.
ResponderExcluirAdorei muito a sua resenha, fico feliz que, assim como eu, você não economizou palavras :)
Love, Nina.
www.ninaeuma.blogspot.com
Adoro livros que nos dá esse soco no estômago, normalmente ele nos torna pessoas melhores. Colocar o dedo na ferida né preciso, por mais que nos doa. Enfim... este livro está na minha lista de desejos a algum tempo e quero muito ler, tenho certeza que acharei o livro ótimo, assim como você.
ResponderExcluirBeijos.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Oi Malu! Esse livro fez bastante barulho desde que foi lançado lá fora, e quando chegou aqui eu estava super ansiosa para ler. Parecia ser aqueles livros que mudam a sua forma de pensar e te fazem refletir bastante, o tipo de livro que eu gosto muito. Infelizmente não consegui ler ainda, mas só pela sua resenha minha vontade aumentou consideravelmente! Saber que existem momentos de riso, e que os personagens são bem desenvolvidos além da trama original é muito legal. Adorei a sua resenha!
ResponderExcluirOlá, tudo bem? Uau, parece ser uma leitura bem emocionante, impactante e necessária... Adorei tua resenha e fiquei muito curiosa pra ler a obra!
ResponderExcluirBeijos,
https://duaslivreiras.blogspot.com.br/
Essa foi a minha melhor leitura de 2017, Starr é muito real, todos os seus diálogos são incríveis e a forma que a familia lida com questoes raciais me conquistou demais! Eu queia coloca o pai dela em um potinho e levar pra todo canto, esse cara é um ursão super incrível! Que bom que você gostou!
ResponderExcluirOi Malu!
ResponderExcluirEstou LOUCA por esse livro. Eu quero muito conhecer e me emocionar com a Starr. É incrível que este livro tem feito as pessoas falarem, como todo mundo elogia e diz que ele proporciona uma reflexão muito grande em relação as questões raciais.
Eu não tenho a menor ideia do quanto o racismo machuca, mas tem gente que sofre isso diariamente e é tão cruel que uma pessoa seja rebaixada só por causa da cor da pele dela! É de verdade revoltante.
Enfim, eu tô aqui divagando! Mas assim, adoro livros que dão aqueles tapas na cara necessário que, como você disse, colocam o dedo na ferida porque eles são NECESSÁRIOS para nos fazer enxergar realidades que, muitas vezes, nem sabemos que existem ou que não vivenciamos.
Beijinhos
www.paraisoliterario.com
Como não fiquei sabendo da existência desse livro?
ResponderExcluirMesmo sem ler, já to sentindo a dor no peito, pois o assunto é muito real, infelizmente.
E pela sua resenha, se o livro é bem escrito, é algo que preciso ler, não só eu, mas todo mundo, porque a situação em que estamos, não tá fácil não.
Beijos,
Degradê Invisível
Oi Malu, então, essa é a segunda resenha que leio sobre esse livro e gostei bastante, vou colocar na minha lista. Beijos
ResponderExcluirNara Dias
Viagens de Papel
Eu quero muito ler esse livro, só escuto ótimos comentários sobre ele e adorei poder conferir a sua resenha. Adorei conhecer um pouco mais sobre a obra e tenho certeza que quando eu finalmente for ler vou me apaixonar.
ResponderExcluirOlá Malu!!!
ResponderExcluirO que dizer sobre esse livro??
Eu não tenho palavras para falar sobre essa leitura que dar sim um tapa em nossa sociedade e mostra que mais do que tudo temos que começar a ver que o preconceito se é desenvolvido e que não nascemos sendo assim.
Eu já tinha visto a sinopse do livro e só a sinopse já é um tapa e um soco na gente enorme.
Espero ter a oportunidade logo de lê-lo.
Amei a resenha!!!
lereliterario.blogspot.com
Oie, tudo bom?
ResponderExcluirFiquei sabendo desse livro a pouco tempo atrás e sempre que vejo uma resenha do mesmo me encanto ainda mais com o que ele tem a oferecer. Um tema que não precisa ser discutido, precisa ser GRITADO, assim como esse enredo o faz. Obrigada pela resenha brilhante, eu quero MUITO ler essa obra! ♥
Olá!
ResponderExcluirAcho bem legal quando uma história nos motiva e nos surpreende. Essa narrativa parece muito boa e ainda aborda assuntos bem legais e que vale a reflexão.
Esse tá na minha listinha e espero conseguir ler em breve.
Beijos!
Camila de Moraes
Menina tenho tanta vontade de ler esse livro que você nem imagina, ainda mais sendo sobre o racismo, um dos assuntos que mais gosto de ler e abordar em todos os livros que compro, dica anotada e a edição está linda.
ResponderExcluirBjs
Ooi,
ResponderExcluirEu quero TANTO ler esse livro. Tenho certeza que vou amar cada página e também vou me sensibilizar com a história. Já estou com ele no kindle esperando mas ainda não consegui ler, espero conseguir logo!
Corujas de Biblioteca
Oii
ResponderExcluirCom certeza foi um dos livros mais comentados no final do ano, mas eu como boa desligada que sou só parei para ler uma resenha agora. E você me convenceu! Vou adicionar a lista. É o tipo de leitura que é importante ser feita.
Gosto de personagens com humor afiado e sinto que esta leitura só irá enriquecer.
Vícios e Literatura
Olá, quero muito ler O ódio que você semeia, ainda mais depois da sua ótima resenha. Bom saber dessa construção humana da protagonista. A obra aborda temas como o racismo e preconceito que são muito pertinentes aos dias de hoje.
ResponderExcluirEU não tenho nem palavras para dizer sobre esse livro.
ResponderExcluirDestruidor, único, e o que mais me dói, é saber que é uma história que reflete a realidade de muitos por aí, da um apertinho no peito quando a consciência bate e você consegue enxergar essa triste realidade.
O ódio que você semeia realmente marcou o 2017 de muita, mas muita gente mesmo...