Autora: Babi Dewet
Editora: Generale
Páginas: 324
Para comprar: Amazon
Sabe aquela música que quando a gente
escuta vem uma sensação gostosa, que te faz sorrir sem perceber e provoca boas
lembranças? Para mim, ler Sábado à noite, da Babi Dewet, foi como ouvir uma
música assim. Me trouxe lembranças da minha adolescência, me deixou sorrindo em
vários momentos e me levou quase às lágrimas em outros.
O livro conta a história de Amanda e
Daniel, dois adolescentes que estudam no mesmo colégio mas pertencem a grupos
diferentes. Amanda é uma das alunas mais populares da escola e, junto com as
amigas, é admirada por onde passa. Já Daniel faz parte dos marotos, o grupo de
alunos considerados perdedores e encrenqueiros com os quais ninguém quer ter
muito contato. No entanto, tudo começa a mudar quando uma atividade da aula de
artes força as populares a conviverem com os marotos, fazendo com que eles
comecem a ver além dos rótulos a que eram associados.
“Essas
coisas mudam as pessoas, mudam seu caráter e suas prioridades. E as dela foram
alteradas. Assim como as de suas amigas, que foram abrangidas por essa...
popularidade involuntária.” (p. 87)
Como se não bastasse essa atividade que
ameaça abalar a “hierarquia social” da escola, o diretor ainda resolve que aos
sábados à noite haveriam bailes na escola, onde os estudantes poderiam se divertir e socializar. O
problema é que ninguém conhece a banda contratada, mas eles parecem saber muito
sobre os alunos da escola. Tocando escondidos sob máscaras, esses músicos tocam
canções que parecem traduzir exatamente sentimentos e acontecimentos de algumas
pessoas da escola, especialmente de Amanda.
O primeiro ponto que destaco deste livro é
a maravilhosa descrição que a Babi Dewet faz da adolescência. Sem cair nos
estereótipos que muitos autores fazem dessa fase da vida, ela escreveu uma
história totalmente natural e verossímil. O clima dos tempos do colégio, as
panelinhas, as conversas e os dilemas dos personagens são muito reais,
facilitando a identificação do leitor. Mesmo quem já não é mais adolescente,
sente uma ligação com a história pelas lembranças que ela provoca.
Os personagens também são incríveis,
sendo impossível não se encantar com eles. Apesar do foco maior ser na Amanda e
no Daniel, conseguimos conhecer e nos envolver com todos os personagens.
Particularmente, gostei muito dos amigos do Daniel: Bruno, Caio, Rafael e Fred.
Eles são engraçados e brincalhões, mas, ao mesmo tempo, são fofos e muito
leais. As amigas da Amanda, Carol, Guiga, Maya e Anna, apesar de um pouco
fúteis, são divertidas também e muito unidas. Gosto de ver o modo como elas
sempre se apoiam e colocam a amizade antes de tudo.
Poucas vezes, tive um envolvimento tão
forte com um livro, ainda mais voltado para o público adolescente. Muitas
vezes, os dilemas apresentados nesses livros são superficiais e os personagens pouco reais. Mas não foi o
caso de Sábado à noite. Com uma escrita leve e natural, Babi Dewet conseguiu
transmitir completamente os pensamentos e sentimentos dos personagens, fazendo
o leitor sentir junto com eles. Assim, eu me envolvi com a história, fiquei
feliz nos momentos alegres, sofri quando os personagens estavam sofrendo, tive
vontade de sacudir alguns deles quando estavam fazendo alguma
besteira e fiquei com o coração apertado com algumas decisões que eles tomaram.
“A vida era
curta e as noites eram longas. Momentos como esse seriam lembrados para sempre.”
(p. 195)
Não vou contar o final, claro, mas a
Babi soube brincar com os meus sentimentos. Suspirei em algumas partes,
senti raiva, pena, esperança e terminei quase chorando com essa
confusão de emoções.
Já tinha escutado muitos elogios a esse
livro, mas todos agora parecem insuficientes. Com uma história simples, mas
cheia de sentimento, Sábado à noite me conquistou e já virou um dos meus
queridinhos. É daqueles livros que dá vontade de reler várias vezes, porque a
gente nunca se cansa. No final, sentimos aqueles personagens como amigos muito
queridos, que gostaríamos de ajudar, aconselhar e abraçar. Não vejo a hora de
ler os outros dois livros da trilogia, para saber o destino de cada um deles.