Olá,
pessoal! Recentemente, saiu resenha sobre um romance de época muito cativante
que li no ano passado, Uma dama fora dos padrões, da Julia Quinn. Aquele livro
foi o primeiro volume da nova série da autora, Os Rokesbys. Para alegria dos
fãs, a continuação foi publicada agora em janeiro pela Editora Arqueiro e é
claro que eu não perdi tempo para ler.
Um marido de faz de conta é o segundo
livro da série e, mesmo já tendo lido muitos livros da autora, confesso que
esse foi uma experiência diferente de todos os outros. Mas, não se preocupem
que não digo isso de um jeito ruim. Ao contrário, é um romance que me
surpreendeu muito e me emocionou de formas que eu não esperava, renovando minha
admiração pela escrita da autora.
Mas, antes de continuar, um aviso: esta resenha não contém spoiler desse livro e nem do seu antecessor. As histórias são independentes, apesar de ser preferível ler na ordem, pois personagens do primeiro volume aparecem/são mencionados neste.
Autora: Julia Quinn
Editora: Arqueiro
Tradução: Thaís Paiva
Páginas: 304
Sinopse: “Enquanto você dormia… Depois de perder o pai e ficar sabendo que o
irmão Thomas foi ferido durante uma batalha, Cecilia Harcourt tem duas opções:
se mudar para a casa de uma tia ou se casar com um vigarista. Para fugir desses
destinos, ela cruza o Atlântico, determinada a cuidar do irmão. Após uma semana
sem conseguir localizá-lo, ela encontra o melhor amigo dele, Edward Rokesby,
inconsciente e precisando desesperadamente de cuidados. Mas, para permanecer a
seu lado, Cecilia precisa contar uma pequena mentira... Eu disse a todos que era sua esposa. Quando Edward recobra a
consciência, não entende nada. A pancada na cabeça o fez esquecer tudo que
aconteceu nos últimos três meses, mas ele certamente se lembraria de ter se
casado. Apesar de saber que Cecilia é irmã de Thomas, eles nunca foram
apresentados. Mas, já que todo mundo a trata como esposa dele, deve ser
verdade. Quem dera fosse verdade…Cecilia
coloca o próprio futuro em risco ao se entregar ao homem que ama. Mas, quando a
verdade vem à tona, Edward também pode ter algumas surpresas guardadas para a
nova Sra. Rokesby.”
Em Um marido de faz de conta, conhecemos
Cecilia Harcourt, uma jovem que se encontrava prestes a perder tudo, desde a
morte de seu pai. Thomas, o irmão dela e herdeiro da propriedade, estava
lutando em nome da coroa inglesa na América, na guerra de independência dos
EUA. Se algo acontecesse com ele, a propriedade iria para um primo deles, que
não perde tempo em começar a assediar Cecilia.
Assim, quando ela recebe uma carta
comunicando o desaparecimento de Thomas, não restam muitas possibilidades em
seu lar e, em desespero, Cecilia acaba embarcando para a América disposta a procura-lo.
Ao chegar lá, ela tem dificuldade em conseguir informações sobre o paradeiro do
irmão, mas descobre que o melhor amigo dele, Edward Roskeby, estava desacordado
no hospital.
Apesar de nunca ter conhecido Edward
pessoalmente, Cecilia já tinha se comunicado com ele muitas vezes através das
cartas que mandava para o irmão e, por isso, decidiu cuidar dele. Mas, para
isso, teve que inventar uma pequena mentira: dizer que era esposa de Edward.
Quando ele acordou sem memória dos últimos
meses de sua vida, não teve motivos para duvidar que ela fosse mesmo sua
esposa. Afinal, Cecilia era irmã de seu melhor amigo e os dois já vinham
trocando mensagens nas correspondências dela para o irmão. Cecilia, por sua
vez, tinha toda intenção de revelar a verdade assim que ele acordasse, mas as
coisas não saíram como ela esperava e contar seu segredo foi se tornando cada
vez mais difícil.
“–
Eu a conheço. E conhecia mesmo. Por
mais que só tivessem se conhecido pessoalmente houvesse poucos dias, ele sentia
que já fazia muito tempo que conhecia o coração dela. Não duvidava dela. Jamais
duvidaria.”
Ah, gente, como falar sobre esse livro? Um
marido de faz de conta traz diversos elementos que eu amo em romances de época,
mas em uma trama que foge bastante do padrão que estamos acostumados a ver e com
personagens cativantes e bem construídos. Confesso que me apaixonei desde a
primeira página e, mesmo com alguns aspectos que não me agradaram tanto, eu
terminei a leitura completamente encantada por essa história.
Começando pelos protagonistas, que com certeza
já estão na minha lista de casais favoritos. Cecilia é uma mocinha forte,
determinada e com um coração tão generoso que é impossível não torcer por ela.
Mesmo nos momentos mais desesperadores, Cecilia se mostrou corajosa e decidida,
enfrentando situações para as quais não estava preparada. Além disso, mesmo sem
ter tentado tirar vantagem do Edward ou se aproveitar da amnésia dele para benefício
próprio, ela se sente culpada por não contar a verdade e tenta fazer o máximo
para ajudá-lo. Claro que ela não é perfeita e erra em alguns momentos, mas suas
razões são compreensíveis e é palpável o quanto ela se responsabiliza por suas
ações (até mais do que deveria).
Já o Edward, eu não tenho palavras para
descrever. Sabe aquele mocinho que já aparece roubando nosso coração e a cada página
nos apaixonamos mais? Pois é, o próprio Edward Rokesby. Ele é um homem íntegro,
justo, gentil e muito responsável. Mas, além disso, ainda é carinhoso e dono de
um senso de humor cativante, que rendeu ótimos diálogos com Cecília. Eu poderia
ficar o resto da resenha falando sobre ele, mas ainda tenho muitos aspectos a
destacar sobre esse livro e acho que já deu para vocês perceberem o quanto ele
é maravilhoso né?
“Por
baixo de sua aparência respeitável, Edward Rokesby era dono de um pronunciado
senso de humor. Ela não deveria ter ficado tão surpresa com isso, considerando
todos os indícios que vira nas cartas dele. Um pingo de alegria fora o
suficiente para despertar todo o bom humor dele.”
E quanto ao romance, é impossível não
torcer desde o começo. Não só os dois protagonistas são carismáticos, como eles
têm uma ótima dinâmica juntos. Mesmo se conhecendo pessoalmente há pouco tempo,
os dois já tinham uma conexão devido às correspondências que trocavam. Além
disso, Cecília e Edward conseguiam se entender nos bons e nos maus momentos:
ambos possuem um ótimo senso de humor e os seus diálogos eram sempre carregados
de brincadeiras e alfinetadas; porém, eles também conseguiam entender as dores
um do outro, se apoiando nas horas mais difíceis. Deste modo, a relação deles
acabou se desenvolvendo de uma maneira leve e doce, baseada em muito carinho e
compreensão.
“–
Com Edward era tão fácil ser feliz, tão fácil ser ela mesma. Mas aquilo não era
a vida dela. Ela não era a esposa dele. Aquele papel era emprestado e, no fim
das contas, ela teria que devolvê-lo.”
Com relação aos personagens secundários, eles não ganham muito espaço, porém, a maioria tem um papel bem definido dentro da trama. No entanto, há uma exceção que precisa ser destacado: Thomas, o irmão de Cecilia. Julia Quinn conseguiu fazer com que eu me apegasse a esse personagem e me preocupasse com ele desde o início do livro, pelo amor que Cecilia e Edward tinham por ele. Além disso, todos os capítulos começam com trechos de cartas que Cecilia escreveu para o irmão e vice-versa, fazendo que o leitor já pudesse conhece-lo mesmo antes de saber se ele seria encontrado ou não.
Outro aspecto que não posso deixar de
mencionar é a ambientação bem diferente da maioria dos romances de época que já
li. Geralmente, os livros deste gênero são ambientados na Inglaterra, em meio
aos bailes e reuniões da alta sociedade. Porém, nesse livro, Julia Quinn levou
a história para os EUA em meio à guerra pela independência. E, por mais que
isso não seja aprofundado, ainda temos no pano de fundo um pouco sobre como foi
o conflito e como era a vida das pessoas ali, durante um período tão difícil.
“Esta
carta é para vocês dois. Fico muito feliz que tenham a companhia um do outro. O
mundo vira um lugar muito menos inclemente quando se tem alguém para dividir os
fardos.”
Já quanto a trama, foi um dos melhores
da Julia Quinn. Tem romance, humor, drama e até um toque de mistério, tudo na
medida certa e desenvolvido de uma maneira que saiu do comum. Assim, fui
envolvida desde o começo da leitura e não conseguia parar o livro. Minha única
ressalva é que algumas coisas ficaram mal explicadas e alguns participações dentro
da história ficaram esquecidas, sem um desfecho adequado. No entanto, confesso
que nem essa ressalva foi o suficiente para diminuir meu amor pelo livro.
Com relação à edição, eu não posso deixar
de parabenizar a editora Arqueiro. Para começar, considero essa capa uma das
mais lindas que já vi em romances de época e combina perfeitamente com o livro.
Além disso, as páginas são amareladas, a fonte tem um ótimo tamanho para a
leitura e eu não encontrei nenhum erro de revisão enquanto lia. Ou seja,
trabalho impecável da editora.
Assim, Um marido de faz de conta conseguiu
superar todas as minhas expectativas e entrar para a minha lista de favoritos.
Quem diz que o segundo volume de uma série é sempre inferior ao antecessor, é
porque ainda não leu esse livro. O romance de Edward e Cecília é leve e
encantador, com uma construção muito bonita de se acompanhar e ainda o humor
característico da autora contrabalançando momentos de mais emoção. Fiquei
realmente satisfeita com a forma como esse livro me surpreendeu e agora estou
sofrendo com a ansiedade para ler a continuação.
E vocês, já leram Um marido de faz de
conta? Me contem aí nos comentários se estão acompanhando a série Os Rokesbys
ou se ainda querem ler.